Ontem, ao reler o que por aqui tinha escrito sobre o processo de Guimarães, Capital Europeia da Cultura 2012, pus-me a pensar em como eram diferentes as nossas conversas num tempo em que o Facebook ainda não existia ou em que era pouco mais do que um sítio na internet onde estudantes se dedicavam a exercitar a antiquíssima arte do engate. Talvez então nós julgássemos que não, mas havia muito mais tempo para o debate de ideias. Era o tempo em que cada um de nós lia aquilo que procurava e não o que um algoritmo qualquer decidia que poderíamos ter interesse em ler. É certo que ninguém nos lembrava dos aniversários dos nossos amigos, nem assistíamos a um desfilar de gente feliz e sem lágrimas, quase sempre de férias num paraíso qualquer, a comer lagosta e a beber gins tónicos em copos amaneirados, nem recebíamos convites para jogarmos candy crush saga, seja lá o que for isso, nem estávamos permanentemente a ser enxofrados com publicidade, nem tínhamos a sensação e estarmos a ser manipulados por máquinas que sabem mais sobre nós do que nós próprios. Não tínhamos nada disso, mas sabíamos que não estávamos perdidos num espaço que funciona em regime de marés, onda atrás de onda a desfazer-se na areia e a esvair-se no esquecimento. Não íamos na onda. As nossas esperanças, as nossas desilusões, as nossas euforias e as nossas indignações eram só nossas e não o resultado de nos deixarmos ir para onde inclina o barco. Eram os dias da blogosfera, outrora fecunda e viçosa, hoje murcha e quase deserta, com largo lastro de desistentes.
Mas suspeito que muitos de nós já começam a demonstrar cansaço da voraz
inconstância e das redes sociais. Noto isso neste blogue, que vai persistindo,
na constância inconstante dos meus dias. Hoje tem mais leitores
do que tinha antes.
Há algum tempo, tinha programado assinalar um número redondo: a milionésima visita a estas memórias. Porém, distraí-me e perdi a oportunidade de registar o momento para a posteridade. Quando comecei a escrever esta nota, o contador das Memórias de Araduca já marcava 1 006 214 visitas. Eu sei que este número não é nada por aí além mas, sendo este um espaço muito pessoal e, regra geral, composto com materiais com interesse quase exclusivamente local, deu-me para o registar aqui.
Há algum tempo, tinha programado assinalar um número redondo: a milionésima visita a estas memórias. Porém, distraí-me e perdi a oportunidade de registar o momento para a posteridade. Quando comecei a escrever esta nota, o contador das Memórias de Araduca já marcava 1 006 214 visitas. Eu sei que este número não é nada por aí além mas, sendo este um espaço muito pessoal e, regra geral, composto com materiais com interesse quase exclusivamente local, deu-me para o registar aqui.
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