A litografia de 1839 que
representa o Campo da Feira, gravada a partir de um desenho de George Vivian, é
muito rica em informações a explorar. Por agora, os meus olhos fixaram-se na
igreja dos Santos Passos. Por aquela altura, ainda não lhe tinham sido
colocados os postiços (as duas torres sineiras, que foram inauguradas no início
do último quartel do século XIX, e o relógio, que, quando o século XX já ia bem
andado, preencheu o espaço do óculo vazado desenhado por André Soares).
Recentemente, publiquei aqui um
texto de Vilhena Barbosa de 1863, sobre o Castelo de Guimarães, onde, a dado
passo, se lê:
Para
o lado do Sul, em lugar mais baixo, estende-se a cidade de Guimarães,
sobressaindo dentre apertado cinto de viçoso arvoredo, que parece querer
competir com as grimpas dos 16 campanários dos templos da cidade.
Eu tinha pensado conferir a
contabilidade dos campanários da cidade de Guimarães ao tempo em que Vilhena Barbosa
escrevia, para fazer o seu inventário. Mas havia um templo de Guimarães que certamente
não iria incluir em tal levantamento: a Igreja da Consolação e Santos Passos,
que o povo vulgarmente conhece por igreja do Campo da Feira ou, mais
carinhosamente, por igreja de São Gualtér[1],
que em 1863 ainda não tinha erguidas as suas torres sineiras. Acontece que a
litografia de 1839 mostra que a igreja tinha um campanário adossado à sua fachada
voltada ao Poente (lado direito da gravura), que terá sido desmontado aquando
do levantamento das torres. Aliás, só uma manifesta falta de atenção justifica
a minha ignorância, porque a muito rigorosa gravura que representa a igreja que
saiu em 1864 no Arquivo Pitoresco, e
que já se reproduziu em vários momentos, também deixa ver o campanário primitivo.
A Igreja dos Santos Passos, ainda sem torres, numa gravura do "Archivo Pittoresco" (1864, pág. 93).
(Clicar para ampliar)
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[1]
Designação que o SIPA (Sistema
de Informação para o Património Arquitectónico) replica, incorrectamente.
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