Subsídios para a compreensão do conflito entre Braga e Guimarães (7)

O Conde de Margaride
[continua daqui]

A questão da criação do curso complementar de ciências faria estalar a fase mais aguda do conflito entre Guimarães e Braga. Os vimaranenses não estavam dispostos a contribuir para mais um melhoramento distrital que, na sua opinião, apenas beneficiava Braga. Sobre os acontecimentos que marcam esta fase do conflito e que contribuíram para a queda do último governo de António Maria Fontes Pereira de Melo, já quase tudo ficou dito aqui, na série de textos Crónica do conflito brácaro-vimaranense, que começava assim:
No entanto, a ideia da desanexação de Guimarães do distrito de Braga não nasceu em 28 de Novembro de 1885. Já cinco anos antes havia sido avançada pelo Conde de Margaride, que defendia a emancipação de Guimarães da custosa tutela do distrito de Braga. Note-se que o Conde de Margaride sabia bem do que falava, uma vez que tinha exercido, entre 1871 e 1879, o cargo de Governador Civil, primeiro no distrito de Braga, depois no do Porto.
No mesmo sentido iria uma proposta apresentada numa assembleia da Associação Comercial, realizada no dia 31 de Outubro de 1880, com o objectivo de consultar os sócios acerca das indicações que poderiam fazer chegar à Câmara Municipal de Guimarães para se equilibrar as contas municipais, uma vez que o orçamento para 1881 apresentava um défice de perto de 7 contos de réis. Usando da palavra, José Joaquim de Lemos afirmou que as dificuldades financeiras do município resultavam dos encargos distritais que Guimarães era chamada a assumir, pelo que defendeu que se deveria chamar a atenção da Câmara para a necessidade de se proceder a uma divisão mais racional dos distritos, à imagem do que previa o projecto reforma administrativa de 1867, que contemplasse a extinção de Braga, por ser demasiado pequeno e oneroso, assim como outros que se encontrassem em circunstâncias idênticas. Esta proposta foi aprovada por unanimidade pelos presentes.
Em 1885/1886, ecoou em Guimarães um grito retumbante e uníssono:
“Tirem-nos daqui!”

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