Asilo de Santa Estefânia, Guimarães |
Guimarães revelou sempre desconforto e insatisfação em relação à sua dependência em relação a Braga. Após a criação dos distritos, que decretou a dependência de Guimarães em relação à cabeça do seu distrito, Braga, as queixas e as tomadas de posição contra a participação nas despesas distritais que era exigida ao concelho foram aumentando de frequência.
Assim aconteceu, por
exemplo, quando, em Abril de 1873, foi levado à Câmara dos deputados um
projecto para elevar a Biblioteca Pública de Braga à condição de biblioteca
distrital, passando a ser suportada por todo o distrito. Ou quando, em Maio de
1877, a Junta distrital decidiu criar um corpo policial em Braga, que também
iria viver a expensas de todos os concelhos do distrito, cabendo a Guimarães
uma quota de três contos anuais. Em ambos os casos, a Câmara de Guimarães
reclamou contra os novos encargos que lhe eram criados, sem que o concelho
deles tirasse qualquer benefício. Estas posições eram partilhadas pelos
cidadãos de Guimarães, que não viam com bons olhos o desenvolvimento de Braga
às suas custas. Por isso, foi com festa que em Guimarães se celebrou, no ano
seguinte, a supressão da polícia civil de Braga que, “além de onerar o distrito
com uma enorme despesa, estava sendo um perigo pela sua má organização e
indisciplina”. Os vimaranenses celebraram a notícia nas ruas, acompanhados por
duas bandas de música, e homenagearam os delegados de Guimarães à Junta
Distrital, Rodrigo de Meneses e Barão de Pombeiro.
Mas as gentes de Guimarães
continuavam a ver nos investimentos distritais um sorvedouro dos impostos que
lhes eram cobrados. Os projectos distritais iam-se sucedendo. Em 1881, pretendia-se
avançar com uma cadeia distrital, um edifício para o governo civil, uma quinta
regional. A Câmara de Guimarães manifestou-se contra a sua aprovação, com o
argumento de sempre: tais empreendimentos iriam sobrecarregar os contribuintes
com mais impostos. Em Maio de 1884, as instituições de Guimarães que tinham
asilos de infância a seu cargo, a Irmandade de Nossa Senhora da Consolação e
dos Santos Paços e o Asilo de Santa Estefânia, deram mostras da sua preocupação
em relação ao projecto do governador civil do distrito para instalar um asilo
distrital em Braga, por perceberem que iriam ser desviados para lá parte dos recursos
concelhias que lhes permitiam manter as suas acção de protecção social a
crianças desvalidas.
Em 1885,
foi apresentada à Junta Distrital uma proposta para a criação no Liceu de Braga
do curso complementar de ciências. Antes da sua votação, alguns procuradores
solicitaram que se averiguasse quanto é que o novo curso poderia custar e quais
as condições exigidas para a sua instalação, nomeadamente se haveria necessidade
de criar museus e laboratórios. Pretendia-se evitar que o distrito e os
concelhos que o integram fossem chamados a suportar uma despesa que, atendendo
às circunstâncias financeiras que então se viviam, seria incomportável. Esta questão acenderia o rastilho que, no dia 28 de Novembro de 1885, fez rebentar o
célebre conflito brácaro-vimaranense, com os delegados de Guimarães à Junta
Distrital a serem enxovalhados em Braga e os vimaranenses a reagirem exigindo a
saída do concelho de Guimarães do distrito de Braga, passando para o do Porto.
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