Camilo Castelo Branco |
À
MEMÓRIA
do
Senhor Rei
D.
Afonso Henriques
Eu não podia
escrever uma novela urdida com factos de Guimarães sem me lembrar do mais
notável filho daquela terra – o Senhor D. Afonso Henriques.Procurei nas ruas e
praças de Guimarães a estátua do fundador da monarquia. A cidade opulenta, que
tem ouro em barda, e abriu dois bancos como os pletóricos que se dão duas
sangrias, não teve até hoje um pedaço de granito que pusesse com feitio de
rei sobre um pedestal!
Se eu fosse rico, ou
sequer pedreiro, quem fazia o monumento de Afonso era eu. Assim, como último dos
escritores e o primeiro em patriotismo, apenas posso aqui levantar um perpétuo
padrão ao vencedor de Ourique – ao real filho da mãe ingrata.
Camilo Castelo Branco, Dedicatória de “A
viúva do Enforcado”, in Novelas
do Minho Volumes X, XI e XII, 1877)
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