O Jardim Público do Toural, antes de Julho de 1911 |
4 de Julho de 1911
Principiam a
tirar-se, segundo dia, as grades de ferro que vedavam o jardim do Toural.
(João Lopes de Faria, Efemérides
Vimaranenses, manuscrito da Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento, vol.
III, p. 12)
O Jardim Público do Toural foi desenhado por Marques Loureiro, do Porto. Foi arborizado em 1878. Fechado com grades e portões de ferro, ali não podiam circular pessoas descalças, nem homens sem gravata. A sua frequência aumentava nas noites de Verão, época em que horário em que estava aberto se alargava até às 23 horas. À hora de encerramento dos seus portões, os frequentadores eram avisados pelo toque de uma sineta, sendo as luzes apagadas de imediato, o que gerava, amiúde, manifestações de descontentamento. Teve um grande lago que, em 1896, foi transformado “por um jardineiro do Porto, pondo-o em bacio (pequeno) com repuxo no meio”, nas palavras de João Lopes de Faria.
Na sequência da implantação da República, em 1910, o Jardim do Toural
passou por profunda remodelação. As grades que o cercavam e que colhiam a
antipatia de parte da sociedade vimaranense (já em 1899, o então Presidente da
Câmara propusera a sua remoção), foram retiradas. O coreto foi transplantado
para o Largo D. Afonso Henriques, que passou a designar-se de Passeio da
Independência. Desse largo foi retirada a estátua de Afonso Henriques, que foi
colocada em espaço central do Campo do Toural, então baptizado como Praça do
Fundador de Portugal. Mas não passaria um mês sem que o Toural voltasse a mudar
de designação, adoptando-se uma outra que se considerava mais fiel à história:
Praça do Libertador de Portugal. Recorde-se que naquele ano se celebrou o
oitavo centenário do nascimento de D. Afonso Henriques. A República, acabada de
implantar, fez questão de celebrar a preceito o fundador da monarquia.
As grades do jardim do Toural começaram a ser removidas no dia 4 de
Julho de 1911.
Pela mesma altura, gerou-se uma discussão em Guimarães: onde deve ser
a feira? Esta pergunta foi título de um texto publicado no Alvorada de 13 de
Julho de 19111, onde se lia:
Os do Toural querem-na para ali. Ali se acomodará convenientemente — aos
seus interesses comerciais.
Mas deve, em razão, ser no Toural, à volta duma estátua?
Não será isso anti-estético e de mau gosto — o rei borgonhês sobressaindo
de entre sacos de milho, feijão e batata?
Pois a despeito de irmos ferir os planos duma representação que para aí
colhe assinaturas, sempre não deixaremos de dizer que tal disparate não pode
nem deve ser sancionado.
A nosso ver o largo destinado para a feira, aquele que pela sua situação
constitui, por assim dizer, ponto estratégico, é o largo da Misericórdia.
Vamos a ver quem tem maior número de votos.
— Onde deve ser a feira?
O pedido de diversos proprietários moradores no Toural, para que o
mercado de cereais passasse para aquela praça foi indeferido
pela a Câmara, que já tinha elaborado um projecto de embelezamento do
Toural, que não contemplava aquele modo de ocupação da praça.
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