À morte do Beneficiado Fonseca, grande ratão, que tudo metia a
bulha, e até o próprio Marquês de Pombal lhe tinha medo.
Morreu pois o Fonseca, herói
tumbeiro,
A morte lhe pregou palmada na anca,
A palestra ficou de perna manca,
Faltando-lhe o seu mestre
cavaleiro:
Esse, que fora mexilhão de Aveiro
,
E depois camarão de Vila Franca,
Capaz de ir ver a cova a
Salamanca,
E não fosse o gastar algum
dinheiro:
Expirou, e morreu muito benquisto,
Deixando chocas para encher mil
sacas,
Satisfeito morreu do que tem
visto:
“Vou consolado (diz com vozes
fracas)
“Morro no tempo em que morreu
Cristo,
“Porque morro no tempo das
matracas.”
*Esteve desterrado em Aveiro, e Vila Franca por ordem do Marquês
de Pombal.
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