S. Gualter |
Uma mulher da Cidade de Braga tinha um
menino paralítico, levou-o ao sepulcro do Santo em uma canastra, e depois de
lhe fazer uma Novena, disse angustiada: Glorioso S. Gualter, ou
me dai saúde a este filho, ou lhe dai logo a morte, pois sabeis que
por minha pobreza o não posso sustentar. Foram tão bem aceites as suas
lágrimas, que logo saltou o menino fora da canastra, são.
Levou um homem um filho quebrado de três
anos, lavou-o algumas vezes na fonte, e disse: Ou morto, ou são te
hei-de levar daqui. Sempre o levou depois ao sepulcro do Santo, em
cuja presença alcançou a desejada saúde.
Uma mulher, que não tinha leite para criar
um menino, orando diante do seu sepulcro, logo o teve em tanta abundância, que
pôde continuar a sua criação.
Os ausentes, que imploravam o seu
patrocínio, tiveram também a boa ventura de alcançá-lo. Dois aleijados, três
moribundos, outro tido por morto, os quais foram oferecer as mortalhas e as
muletas ao seu sepulcro.
Dois paralíticos, um dos quais não dava
sopro que pudesse apagar uma candeia, alcançaram saúde perfeita pela fé com
que beijaram uma sua imagem.
Deu não só saúde a dois doentes, que foram
visitar o seu sepulcro, senão também a dois filhos, um asmático e outro
leproso, que lhes ficavam em casa.
Os doentes que o iam visitar, costumavam
levar água da sua fonte para suas casas, pela qual obrava Deus Senhor nosso
grandes maravilhas nos enfermos que a bebiam.
Uns romeiros da Vila de
Esposende, na volta da sua romaria, levaram tanta quantidade desta água que
andavam como à porfia de quem mais levaria. Vendo isto, um moço, chamado António
Rodrigues, disse por zombaria: Porventura essa água há-de levar-vos ao
Céu. Mas logo foi castigada a sua pouca fé e temeridade, pois andando
brincando com outro moço, o lançou no chão, de sorte que quebrou uma perna.
Ocorreu-lhe ser castigo, recorreu ao Santo, por cujos merecimentos alcançou a
saúde para a perna.
Boaventura Maciel Aranha, Cuidados da morte e descuidos da vida, Oficina de Francisco Borges de Sousa, Lisboa, 1761, tomo I, pp. 135-136
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