Retrato de Manuel Tomás, inserido na sua obra "O Phoenix da Lusitania". |
10 de Abril de 1665
Na Ilha da Madeira, onde
vivera a maior parte da sua vida, é assassinado, pelo filho de um ferrador, o
vimaranense Manuel Tomás, de 80 anos, notável poeta do século XVII, autor da
"Insulana Phenix Lusitana" e de muitas outras obras literárias. Era
filho do dr. Luís Gomes de Medeiros, médico, e de D. Grácia Vaz Barbosa e primo
materno do célebre dr. Agostinho Barbosa. - Vide Dicionário
"Portugal", 7º, 142.
(João Lopes de Faria, Efemérides
Vimaranenses, manuscrito da Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento, vol. II,
p. 25 v.)
Frontispício da obra "O Phoenix da Lusitania", de Manuel Tomás. |
Da biografia do poeta seiscentista Manuel
Tomás sabemos pouco. Nasceu em Guimarães, morreu na Ilha da Madeira,
assassinado no ano em que perfez 80 anos de idade. José Maria da Costa e Silva,
que publicou, em 1854, um Ensaio biográfico-crítico
sobre os melhores poetas portugueses, onde, em cujo tomo VII trata da vida
e da obra deste poeta (páginas 59 a 96), conta que procurou averiguar as
circunstâncias da vida e da morte de Manuel Tomás, e que pouco descobriu (nem
sequer conseguiu saber qual seria a sua profissão). Lemos naquele livro:
Quem vir estampado no
frontispício de um livro o simples nome de Manuel Tomás, julgará com
sobeja razão, que este Autor não era mais que um filho das ervas, um enjeitado,
talvez, pois nem sequer podia juntar ao seu nome um apelido
de família.
E, contudo esta opinião, tão verosímil, e tão bem
fundada, não é verdadeira, pois sabemos que este Poeta, nasceu na muito nobre,
e antiquíssima Vila de Guimarães, primeiro berço da Monarquia Portuguesa, no ano
de 1585, e foi filho do Doutor Luís Gomes de Medeiros, que exercia ali
a Medicina, e de sua mulher D. Grácia Vaz Barbosa,
de uma família limpa da mesma Vila.
(…)
Também não consta o motivo por que abandonou a pátria,
passando-se para a Ilha da Madeira ainda em idade mui verde, vivendo ali
até ao ano de 1665, era que contava já oitenta anos,
e foi assassinado em 10 de Abril pelo filho de um ferrador, e sepultado na
Igreja dos Religiosos de S. Francisco do Funchal.
Nada consta igualmente, mesmo na Madeira, acerca dos
motivos desta morte violenta, dada a um ancião já caduco, e tão respeitado por
seus escritos, e por seu saber, para que tudo na vida deste Poeta fosse
obscuro, e misterioso.
Manuel Tomás faleceu no dia 10 de Abril de
1665.
Na Open Library encontram-se disponíveis, em vários formatos, as seguintes obras de Manuel Tomás:
Insulana, edição de 1635
O Phoenix da Lusitania, edição de 1646
União sacramental, edição de 1650
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