23 de Abril de 1879
Às 5 horas e um quarto da
tarde chegou a esta cidade a imagem do Bom Jesus da Costa, conduzida em
procissão de penitencia para que Deus Nosso Senhor nos concedesse a serenidade
do tempo, agitado há mais de 6 meses por um desabrido inverno. Recolheu-se a
procissão na igreja de S. Francisco, onde terminado o 1.º dia de preces à
veneranda imagem, houve sermão escutado por mais de 2 mil pessoas. A gente que
acompanhou era em número superior a 5 mil. Foi a imagem reconduzida para a
Costa em procissão de triunfo a 25 de Maio tendo o tempo melhorado muito.
(João Lopes de Faria, Efemérides
Vimaranenses, manuscrito da Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento, vol. II, p. 62)
E lá nos vamos nós queixando
do tempo. Ora porque chove, ora porque não chove, ora porque o Inverno nunca
mais acaba, ora porque já não se aguenta o calor do Verão. E vamos dizendo que
o clima anda mudado, porque antigamente o tempo não era dado a este género de
humores. E os cientistas dão-nos uma explicação para o fenómeno da variabilidade
do tempo: é o aquecimento global. E com ela nos conformamos.
Porém, a História diz-nos que
os homens sempre se queixaram do mesmo: que antigamente o tempo era mais previsível.
A este propósito, recordo o que já aqui escrevi em 2011, por esta altura da
Primavera:
Era por isso que, no passado,
havia tantas procissões de penitência e preces por razões de meteorologia, como
a que aconteceu em Guimarães no dia 23 de Abril de 1879: ora porque chovia, ora
porque não chovia, ora porque o Inverno nunca mais acabava, ora porque já não
se aguentava o calor to Verão. Mudam-se os tempos, mas o tempo não muda tanto
quanto a nossa falta de memória meteorológica nos induz a pensar.
0 Comentários