Frontispício do exemplar da primeira edição de Os Lusíadas da Sociedade Martins Sarmento, que pertenceu à Biblioteca de Bento Cardoso |
12 de Abril de 1886
Falece na sua casa da Rua de Camões, o notável
jurisconsulto vimaranense Bento António de Oliveira Cardoso, bacharel formado
em cânones, cavaleiro da Ordem de S. Tiago da Espada. - Vide Dic. Hist., vol.
5, fl. 228.
(João Lopes de Faria, Efemérides
Vimaranenses, manuscrito da Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento, vol. II,
p. 30 v.)
Sobre Bento Cardoso, falecido no dia 12 de Abril de
1886, recupero um texto que publiquei em 2006 no blogue da Sociedade Martins
Sarmento, Pedra Formosa:
No dia 25 de
Janeiro de 2006 completam-se 200 anos sobre o nascimento de Bento António de
Oliveira Cardoso. Filho de Francisco José Gonçalves de Oliveira e de Maria
Teresa da Encarnação, foi um advogado de grande fama, a quem Camilo Castelo
Branco se referiu no capítulo IV de A Brasileira de Prazins (“O Dr.
Adolfo absteve-se de entusiasmos, e pôs-se a estudar a questão, em conferências
com o Bento Cardoso, de Guimarães, e o Torres e Almeida, o Rasqueja de Braga,
dois chavões”). Escreveu sobre assuntos de jurisprudência.
Cidadão
activo e participante, esteve envolvido, na década de em 1830, na Sociedade
Patriótica Vimaranense. Fez parte da comissão da subscrição para socorro dos
pobres de Lisboa vítimas da epidemia da cólera morbus, que recebeu, em Fevereiro
de 1858, um agradecimento publicado em Portaria do Ministério do Reino. Em
1869, integrou, com, entre outros, Martins Sarmento, José Sampaio e Alberto
Sampaio, a comissão da filial em Guimarães da Associação Arqueológica de
Lisboa, de que acabaria por pedir escusa, alegando achaques e a sua vida
laboriosa.
Uma das suas
facetas mais destacadas foi a de bibliófilo. A sua biblioteca era famosa pelas
preciosidades que guardava, despertando grande interesse entre os
coleccionadores. Numa das primeiras reuniões após a criação da Sociedade
Martins Sarmento, em Janeiro de 1882, o Dr. Avelino da Silva Guimarães propôs a
compra da livraria de Bento Cardoso, para com ela dar início à instalação de
uma biblioteca da Sociedade, sugerindo que se mostrasse à Câmara de Guimarães a
necessidade e a conveniência da sua criação. Apesar de ter sido aprovada, a
compra dos livros não se concretizaria então. Apenas teria lugar após a morte
de Bento Cardoso, em 12 de Abril de 1886. Nessa altura, a direcção da SMS fez
um esforço financeiro considerável para se antecipar à hasta pública que já
estava anunciada. Em boa hora o fez.
Em grande
parte composta por obras de Legislação e Direito, a biblioteca de Bento Cardoso
guardava diversas preciosidades, entre as quais se destacam umas Ordenações
de 1565, os Estatutos da Universidade de Coimbra, de 1591, e um exemplar
da edição princeps de Os Lusíadas, de 1572, cujo fac-símile foi
recentemente editado pela Universidade do Minho.
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