1905: A questão do emblema da Associação Artística (5)



Anúncio da assembleia geral da Associação Artística, publicado no Independente de 30 de Abril de 1905

A questão da destruição do emblema da Associação Artística Vimaranense, no início da Primavera de 1905, causou indignação entre os sócios daquela associação, que se movimentaram, no sentido de esclarecer a solução e forçar a reposição do símbolo da instituição no local onde sempre tinha estado. Para além de um pedido de esclarecimento ao arquitecto que desenhou o emblema, que já aqui publicámos, dezassete sócios da Associação requereram uma assembleia geral para se tratar acerca da inutilização do emblema das artes que se achava na porta principal da casa da associação. Por, no dia marcado, 14 de Março, não ter comparecido o número de sócios necessários para compor o quórum da reunião, a assembleia teria lugar, em segunda convocatória, no dia 4 de Maio, pelas 18 horas.
A reunião foi muito concorrida e turbulenta, a ponto de a polícia ter tido dificuldade em serenar os ânimos e assegurar. Segundo o jornal Independente, de 7 de Maio de 1905, a Assembleia Geral decidiu, por grande maioria: 
1.º) Demitir a direcção do se mandato;
2.º ) Compelir a direcção a repor a frontaria do edifício no estado em que se encontrava antes da inutilização do emblema da Associação, reconstruindo-o no prazo de 20 dias;
3.º) Riscar de sócios os membros da direcção no caso de se recusarem a cumprir a deliberação da Assembleia geral. 
O plenário da Associação Artística terminaria em festa, com os sócios da associação a percorrerem as ruas da cidade, ao som do hino nacional do tempo da monarquia, executado pela nova Filarmónica de Guimarães.
O jornal Imparcial, no seu número de 8 de Maio, dava assim a notícia da assembleia geral da Associação Artística:


O emblema

Na quinta-feira passada reuniu-se a assembleia geral da Associação Artística Vimaranense para tomar conta à direcção que, sem satisfações a ninguém, mandou picar um emblema que existia na fachada do edifício pertencente àquela Associação.
A reunião esteve tumultuosa, vendo-se embaraçado o chefe da Polícia, Sr. Oliveira, para conter dentro da ordem o grande número de artistas que ali concorreram.
Falaram diversos, deliberando por último a assembleia geral que a direcção fosse demitida e dando-lhe o prazo de 20 dias para mandar colocar o emblema no lugar aonde existiu, e caso a direcção não cumpra, que sejam riscados de sócios todos os membros da mesma.
Fora do edifício estacionavam muitos sócios.
À noite, percorreu as ruas da cidade a Nova Filarmónica executando o hino nacional sendo acompanhada por centenas de artistas que se portaram ordeiramente.
Oxalá que fiquemos por aqui.

Imparcial, 8 de Maio de 1905, p. 3

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