José Leite de Vasconcelos |
O jovem José Leite de Vasconcelos costumava passar
algumas temporadas em Guimarães, onde conviveu com Francisco Martins Sarmento.
Das suas recolhas do falar dos vimaranenses, datadas na sua maioria de 1885, resultou
o estudo sobre a “Linguagem Popular de Guimarães”, que seria publicado no
volume II dos seus Opúsculos (páginas 175 a 261). Para além do estudo da
gramática e da fonética próprias do povo vimaranense, deu à estampa um extenso
vocabulário, com palavras e expressões típicas do falar vimaranense. Aqui ficam
alguns exemplos, da letra A à letra C:
achanzar, aplainar, aplanar.
albazeilha, claro do céu num
dia enevoado: “apontou ua albazelha”
(=éilha). De alva.
anaio, -a; anaínho, -a: anão,
anã.
balaio, gigo.
barado, (=varado), pasmado! “Ficou
varado”.
barioso (varioso), variável. “O bento é barioso, bareia por hi aleim” (expressão popular): vento que varia
de rumo.
barreleiro, cova donde escorre
a água na cozinha.
batucar, bater à porta.
breilho, tijolo (ouvi em
Briteiros)
cadabulhar, cavar nos campos o
que fica por lavrar (Senhora do Porto)
caganato, cabeçudo (cágado na
Beira), girino, na metamorfose da rã.
calcoré (cal-cu-ré), codorniz.
Ouvi em Guimarães, Airão, etc. Com essa palavra pretende imitar-se a voz da
ave.
carcávias, historietas,
pantominices. Frase que ouvi em Guimarães: “o caseiro Braga, que sabe carcávias”.
cerdeira, cerejeira
chumieira, archote de palha.
cotio, “meter a cotio”, quotidianamente, a trote.
cufarte, bastante, muito; comeu cufarte, isto é, em abundância; deu-me cufarte, deu-me bastante.
[continua]
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