Dora Wordsworth (1804-1847) |
Em 1845, Dora
Wordsworth (1804-1847),
filha do poeta inglês William Wordsworth (1770-1850), passou alguns meses em
Portugal. Dessa estadia resultou um livro de viagens com o título “Journal of a
few months residence in Portugal and Glimpses of the south of Spain”, editado
no ano da sua morte, em 1847. A sua visita a Guimarães não correu muito bem,
por causa da chuva, mas vale pela afirmaçãod e que Guimarães seria então mais
popular pelas suas “ameixas deliciosas” do que pela sua “antiguidade e história”…
Guimarães não é um lugar para ser visto num dia ou dois, mesmo com
a vantagem de bom de tempo e com um cicerone local, sendo que ambos foram
desejados por nós: o que poderíamos provavelmente ter tido se um estado mais
favorável da atmosfera fizesse cvom que valesse a pena entregarmos as nossas
cartas de apresentação. Ficamos presos em casa por causa da chuva, no nosso
caminho para o castelo, um vestígio de não pequena monta, pois foi a morada do
conde Henrique e Teresa, e a ruína está assombrado por uma tradição que poderia
fornecer matéria para uma série de romances históricos. Perdemos, também, o circuito
previsto pelas antigas muralhas, que teríamos feito com prazer por causa do
arquitecto real, D. Dinis, o poeta, que foi um grande protector dos pedreiros,
um construtor de altas muralhas, se não de elevado rima. Camões diz dele:
Nobres vilas de novo edificou,
Fortalezas, castelos mui seguros;
E quase o Reino todo reformou,
Com edifícios grandes e altos muros.
Mas, “nestes dias degenerados”, Guimarães, o berço da monarquia portuguesa,
deve menos do seu prestígio, temo eu, à sua antiguidade e história, do que àquelas
caixas circulares de ameixas deliciosas alegremente empapeladas, que fazem o seu nome familiar, para
muitos um viveiro Inglês.
Journal of a
few months residence in Portugal and Glimpses of the south of Spain by Dora
Wordsworth (Mrs Quillinan), new edition, London, Longmans, Green, and Co. and
new York, 1895(1.ª edição: 1847), p. 106
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