Ainda as ameixas de Guimarães


Nos anos de 1798 e 1799, Heinrich Friedrich Link, médico, botânico e naturalista alemão, Professor da Universidade de Rostock, visitou Portugal na companhia do conde de Hoffmansegg, numa expedição que tinha como propósito o estudo sistemático da flora portuguesa. Dessa incursão resultaria um livro de viagens, cuja tradução inglesa foi publicada em 1801. Nele se refere, com uma apreciação negativa, às ameixas secas de Guimarães:


A antiga cidade de Guimarães, que não fica muito longe, e as terras à sua volta, dedicam-se a algum comércio de frutos secos, especialmente ameixas, que são, no entanto, pequenas e ruins.
Travels in Portugal: and through France and Spain, por Heinrich Friedrich Link, Londres, 1801, p. 357


Ao longo do século XIX, não faltam referências às ameixas secas de Guimarães em múltiplas publicações de língua inglesa. Guimarães era famosa pelas suas deliciosas ameixas:


Devo então prosseguir por Guimarães (famosa pelas ameixas) para Braga (famosa pelos xailes)...

Letters and Journals of Field-Marshal Sir William Maynard Gomm: From 1799 to Waterloo 1815, Elibon Classicis series, 2005 (facsimile da edição de 1881), p. 267


As ameixas, que crescem em Guimarães, no norte de Portugal e que são preservadas pelas freiras, em caixas redondas planas e enfeitadas com papel curiosamente cortado, são justamente apreciadas como superiores às frutas secas de qualquer país.

Sketches of Portuguese life, manners, costume, and character, por A. P. D. G., Londres, 1826, p. 344


Em estado seco, as Prunes ou ameixas francesas das lojas, são preparadas na França, sobretudo, das variedades de St. Catharine e caranguejeira, e “em Portugal a partir de um tipo que deriva o seu nome de Guimarães, onde principalmente se secam”.
A manual of materia medica and therapeutics, por J. Forbes Royle, Londres, 1847, p. 389


As ameixas comerciais são preparadas, em França, a partir das variedades chamadas St. Catherine e caranguejeira. Em Portugal, as ameixas levam o nome da povoação onde são preparadas, Guimarães.

Transactions Of the American Institute of the city of New-York, for the year of 1852, Albany, 1853, p. 327


As manufacturas de Guimarães eram cutelarias e roupa de cama, mas têm decaído muito desde o tratado desastroso de 1810, e mais ainda desde a independência do Brasil. Agora, é principalmente célebre pelos seus curtumes e pelo fabrico de papel, mas também exporta para a Inglaterra uma grande quantidade de ameixas e figos.

A Handbook for travelers in Portugal, John Murray, Londres, 2.ª ed., 1856, p. 152

Na cidade de Guimarães (mais conhecida entre nós pelas deliciosas ameixas que, no mercado inglês, levam esse nome), ela deu à luz um filho, Afonso Henriques…

Fraser's magazine, Volume 84, Londres, Setembro de 1871, p. 361


Os nossos espíritos estavam sóbrios na manhã seguinte, quando fizemos a descida em plena chuva, até Guimarães, famosa por ameixas e cutelarias.

"Through Portugal", por Augusta Gregory, in Littell's Living Age, vol. 159, 10 de Nobvembro de 1883, p. 365


Guimarães tem manufacturas de cutelaria, couro, etc., e um comércio considerável de aguardente e vinho, mas também exporta grandes quantidades de ameixas e figos secos para a Inglaterra.
The international cyclopaedia: a compendium of human knowledge, 1900, Volume 7, p. 159

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