Guimarães, segundo Craesbeeck (5)


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5. O comércio principal desta vila era com Castela, hoje diminuto; com a cidade de Lisboa, no contrato do pano de linho e linha, de que resulta muita utilidade a esta vila; e com o Brasil menos generoso; e na facaria de instrumentos para cortar, dos quais grande cópia se lavra e fabricam armas de fogo. Com os mais povos de Portugal, principalmente do Alentejo e da Beira, contrata os panos de cor, que depois de repartidos por outros lugares desta província lhe conduzem proveitosa ganância. No edificar, observou os vestígios da antiguidade gótica: entre estes apareceu o castelo em forma de redondo obtuso, por se conformar com a dilatação do terreno; o palácio ducal, fundado pelo Infante D. Afonso a despesa de seu pai, el-Rei D. João I, cuja morte o deixou imperfeito, dizendo o Infante, a quem lhe perguntou porque não o aperfeiçoava - que morrera a galinha dos ovos grandes. As muralhas são das melhores daqueles tempos, as quais acrescentou el-Rei D. Afonso III, com a declaração que se refere na “Corografia”, sendo que depois el-Rei D. Dinis mandou fazer os muros novos, como se vê dos escudos de armas postos sobre as portas de suas serventias; e depois as torres, que foram feitas por ordem de el-Rei D. João I, como também se vê dos escudos de suas armas nelas postos; mas uma das torres, que estava posta para a porta da Garrida, mandou derrubar o Senhor D. Fernando II* e com a pedra dela fazer uma cerca, desde os Passos (que já estavam começados, e feita obra neles para agasalho) até à torre, que está junto da porta da Garrida, onde o muro novo se vem juntar com o velho, como deixou escrito o Doutor Simão Vaz Barbosa, no seu livro.

(in Francisco Xavier da Serra Craesbeeck, Memórias Ressuscitadas da Província de Entre-Douro-e-Minho no ano de 1726, Edições Carvalhos de Basto, Lda., Barcelos, 1993,pp. 84)

* Duque de Bragança entre 1478 e 1483.
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