Apontamentos para a história das Danças Nicolinas (10)


De 1932 a 1941, as Nicolinas não incluíram aquele que, por muitos, era considerado o seu número principal, as danças.

Em Dezembro de 1938, Maria Eduarda escrevia no seu Bilhete Postal, coluna que manteve durante largos anos no Comércio de Guimarães:

As festas Nicolinas viveram a sua época, — pertencem ao Passado.

Os seus melhores números, aqueles que iluminaram os nossos salões e foram o encanto da mocidade, não podem reviver, não! Levou-as a alma Académica. São flores murchas, crachás decorativos, que não encontrariam na nossa época o ambiente necessário.

Em 1942, as Nicolinas homenagearam José de Pina. Houve danças, que repetiram (pela terceira vez) as letras escritas por Bráulio Caldas para a edição de 1901 das danças dos velhos. Terão sido exibidas no Liceu, no Internato Municipal, possivelmente no Teatro Jordão e em algumas casas particulares.

Em 1943, houve festas incompletas, porque lhes voltaram a faltar as danças.

Em 1944, regressaram as danças, com letra de Delfim Guimarães. Segundo a imprensa, terão agradado.

No ano seguinte, uma comissão de velhos tratou de não deixar passar em branco o cinquentenário do ressurgimento das festas. O programa encerraria no dia 6 de Dezembro, com um Sarau de Gala no Teatro Jordão. Segundo os jornais, o teatro registou uma enchente como não havia memória, tendo-se realizado uma segunda representação, na segunda-feira seguinte. Subiu ao palco a revista Guimarães... Monumental, escrita por Filipe e Leão Martins. Neste ano houve danças dos estudantes novos, com texto de Delfim Guimarães.

As danças continuavam a realizar-se intermitentemente. Houve-as nas Nicolinas de 1947. Em 1951, as festas incluíram as danças, número que há muito não se fazia.

As festas de 1953 fizeram-se com danças, exibidas no Teatro Jordão, na sede do Grémio do Comércio, em algumas casas particulares, no Toural, para que o povo as pudesse admirar, e mesmo, mais tarde, em Pevidém.

Depois deste ano, voltamos a ter notícias de danças nicolinas no ano de 1960, as quais que foram escritas por Francisco Costa, e em 1964, com texto de João Xavier de Carvalho. Regressariam em 1972, com texto de A. Meireles Graça.

Nos 41 anos que durou o Estado Novo (1933-1948) apenas houve danças em oito edições das Festas Nicolinas. Os tempos não iam de feição para a livre expressão que sempre caracterizou esta manifestação dos estudantes de Guimarães.

Depois de onze anos de interregno, as danças regressariam em 1983, sob a batuta de Óscar Machado e com argumento de A. Meireles Graça.

Regressariam em 1986, para ficar. O autor das danças, definitivamente assumidas pelos velhos, seria, durante vários anos, A. Meireles Graças, que contou com várias colaborações.

Em 1992 seria a vez de uma equipa composta por Novais de Sousa, Fernando Capela Miguel e Rolando Sampaio.

A partir de 1996, entrou-se num novo ciclo, dirigido por Miguel Bastos, que assume direcção artística e a escrita do roteiro, a quem se foram associando outros autores de textos (no início, Rolando Sampaio e Ricardo Gonçalves).

E assim se vão fazendo as Danças que os estudantes de Guimarães, novos ou velhos, dedicam a S. Nicolau há mais de trezentos anos.

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1 Comentários

"Nos 41 anos que durou o Estado Novo (1933-1948) apenas houve danças em oito edições das Festas Nicolinas."

Danças de S.Nicolau constou do programa de 1978 das Festas Nicolinas. Será que se realizaram?

http://www.aaelg-velhosnicolinos.net/site/uploads/documentos/Programa1978.pdf