Apontamentos para a história das Danças Nicolinas (9)


Segundo o jornal Ecos de Guimarães anunciava, as danças de 1926 seriam escritas pelo Padre Gaspar Roriz e exibidas nos largos principais, para assim obedecer a uma velha praxe e satisfazer a curiosidade do povo que pela linda festa académica teve sempre a mais enternecida simpatia. Todavia, não chegaram a realizar-se, por falta de música.

Voltariam em 1927, de novo pela pena do Padre Roriz. Foram noticiadas assim no Comércio de Guimarães:

As danças, cuja letra pertencia ao velho entusiasta das festas o rev. Gaspar Roriz, mereceram como sempre, simpatia e aplausos.

Os rapazes andaram regularmente, apresentando-se bem postos, principalmente as “galantes” demoiselles, de saias pelo joelho e braços nus...

No teatro, aonde se exibiram a 1.ª vez, pela aglomeração de povo, estiveram iminentes alguns conflitos, que se não teriam dado se a força pública tivesse presidido desde a abertura da porta.

Em 1928, a Academia tinha sido seriamente afectada pela retirada de Guimarães do 6.º e do 7.º anos. Não obstante, realizaram-se as festas Nicolinas. As danças, com o título Os braços da Vénus do Milo, foram escritas por Jerónimo de Almeida. Segundo o Comércio de Guimarães, não foram tão vistas como nos anos findos, porque quase limitaram o seu raio de acção aos teatros. A novidade de as danças apenas terem sido executadas em recinto fechado resultou da necessidade de obtenção de receitas, por a subscrição para as festas não ter rendido o suficiente.

Em 1929, as festas estiveram fracas, apesar do reforço de uma delegação de estudantes que haviam feito os estudos preparatórios no liceu de Guimarães e que então frequentavam a Universidade do Porto. Não houve danças.

Em 1930, houve festas completas. As danças agradaram, embora fosse notório que necessitariam de mais ensaios.

As danças de 1931, com o título O Minuete, foram montadas por Jerónimo de Almeida, com a colaboração musical de António Guise. Neste ano, as festas não tiveram o brilho de outras eras. A retirada do 6.° e 7.° ano de Guimarães deu um golpe formidável nestas festas, escrevia-se no Comércio de Guimarães, segundo qual, no entanto, as danças fecharam com chave de ouro estes alegres festejos:

Por duas vezes se encheu literalmente o teatro Gil Vicente, na ânsia de presenciar o melhor número das festas Nicolinas.

A letra destas, bem como do bando escolástico, pertencia, como já dissemos, ao nosso amigo o snr. Jerónimo Almeida, que firmou o justo conceito em que era tido. Muito finas e mimosas e do mais belo efeito.

Os estudantes estavam bem ensaiados e optimamente vestidos.

Nas danças, alguns pares salientaram-se pela maneira donairosa e elegante como executavam alguns passos, merecendo aplausos.

No final, e após prolongados aplausos, foram chamados ao palco, aonde receberam justas ovações, pelos seus trabalhos, o snr. Jerónimo Almeida, o ponto, e o snr. António Guise.

Há ainda a salientar a distinta colaboração do novel professor de música o snr. Manuel Marques Ferreira, que acompanhado do snr. António Guise, foi incansável para o bom êxito das danças.

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