Os festejos de 1865 foram prejudicados pela chuva. No
entanto, houve algumas exibições e duas danças a carácter, que entretiveram
o público.
Em 1866, novo incidente ensombrou as danças a S. Nicolau, que então já também se exibiam em algumas casas particulares. Foi
noticiado pelo Vimaranense:
Os
festejos escolásticos terminaram infelizmente por um desagradável incidente,
que contristou toda a classe e mais pessoas que dele têm tido conhecimento.
Achando-se
reunidas algumas famílias da sua amizade em casa do Ilm.º sr. Gaspar Ribeiro
Gomes de Abreu na noite do último dia de máscaras, apareceram ali alguns
estudantes mascarados e entre eles o nosso amigo José Baptista Felgueiras,
filho do falecido Ministro de Estado João Baptista Felgueiras.
A
entrada inesperada de um máscara, que evitava ser conhecido, suscitou a
desconfiança nos estudantes presentes de que não pertencesse à classe,
resultando daqui, como era natural, o desejo de o reconhecerem, desejo que,
sendo contrariado, suscitou um reboliço que veio a terminar à porta da casa,
onde foi gravemente ferido na palma esquerda o sr. Felgueiras ao aparar uma
punhalada, que mão covarde e traiçoeira lhe despedia.
Este
acontecimento causou o mais desagradável sentimento a todos que o presenciaram,
tanto mais porque a vítima desta brutalidade é um excelente mancebo, de
distinta educação, incapaz de ofender a ninguém e dotados dos mais nobres
sentimentos.
A
ferida não apresenta sintomas perigosos, apesar de ser profunda, e ter dado
lugar a uma grande hemorragia de sangue.
No pregão desse ano, proclamou-se:
Vereis
depois, vertiginosas danças,
Não
só de gentis moços, mas de panças
–
Garridos anciãos, que em tal festejo
Não
querem de brincar perder o ensejo
Na tarde de 6 de Dezembro de 1867, saíram dois bailes e algumas exibições.
No ano seguinte, os festejos do dia de S. Nicolau seriam
idênticos. Uma das exibições foi, então, especialmente notada, por lembrar que
a festa estava a perder o seu antigo esplendor. Segundo o Religião e Pátria, vestiam de
luto alguns mascarados, acompanhando, de archotes acesos, campainhas soando
lugubremente e tambores cobertos de crepe, um carro em que vinham outros
mascarados. Um dos mascarados recitava uma poesia que lamentava a mortal decadência da festa do S. Nicolau.
Não faltaram susceptibilidades feridas por esta manifestação, havendo quem, à noite,
saísse à rua, recitando versos
insultantes e desbragados contra a exibição da tarde.
Em 1870, os estudantes desentenderam-se, tendo chegado a vias de
facto. Mas, a crer no que se então escreveu no jornal O Vimaranense, a
discórdia até resultou em benefício das Festas:
As
escolásticas mascaradas, peculiares da nossa terra, apresentaram-se este ano
muito mais luzidas, graças à justa travada entre os dois grupos discordes.
Nenhum excedeu o outro em aparato e cordura, tornado ambos a velha festa excepcionalmente
brilhante. Neste ano, em vez de um, foram declamados três pregões: dois pelas
facções desavindas dos estudantes no activo e um terceiro pelos estudantes
veteranos.
Entretanto, o célebre professor Venâncio tinha-se jubilado, deixando de
haver aula de latim em Guimarães, o que ajuda a explicar o esmorecimento das
festas a S. Nicolau, que por aqueles anos era uma evidência para os
vimaranenses. Durante vários anos, não haveria danças.
[continua]
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