Para alguns anos de
meados do século XIX, não encontrámos referências às exibições de estudantes
mascarados. Em alguns anos não houve mesmo festas a S. Nicolau: assim aconteceu
em 1853, em virtude da morte da rainha D. Maria II. O mesmo sucederia em 1861,
em luto pelo falecimento de D. Pedro V.
Sabemos que no 6 de
Dezembro de 1856 houve cavalhadas e exibições, durante o dia. As danças
concluíram-se no Teatro D. Afonso Henriques, com uma mascarada, quadros
vivos e outros divertimentos.
Temos notícia de duas
danças nas festas do ano de 1857, que recordaram o regresso de Vasco da Gama a
Lisboa, depois da viagem à Índia: uma de damas, figurando o prazer de muitas
belas pelo regresso dos heróis que lhes estavam destinados, outra de portugueses
e melindianos, significando o prazer dos dois povos pela sua mútua amizade. À
noite, houve espectáculo no Teatro, com a representação de duas peças, cujos
intervalos foram preenchidos com danças e declamação de poesias.
Em 1858 voltou-se ao teatro. As danças foram assim descritas
pelo jornal Tesoura de Guimarães:
Poucas foram
as exibições que apareceram no resto do dia, mas algumas delas chistosas e
picantes. A primeira foi a aparição de um fio eléctrico, com direcção a Braga,
pelo qual se estavam recebendo notícias, que eram logo publicadas; entre elas
uma recebida de Lisboa, que dizia – Guimarães vai ter tudo o que lhe falta:
telégrafo eléctrico, biblioteca, estradas e até caminho-de-ferro, porque uma coisa tinha caído.
Outra era:
duas damas, em carrinho descoberto, vestidas com mantos pretos e toucas na
cabeça; seguidas de criados com riquíssimas librés. Atrás do carrinho ia um
homem do povo, que o empurrava, como para andar mais depressa do que os cavalos
o levavam. Na tábua do carrinho, quando o homem o empurrava, e na mão deste, ia
um lampião aceso.
Outra
compunha-se de quatro indivíduos, cobertos com dominós negros e com archotes
acesos na mão, andando a toque de caixa.
Em 1859, em dia de S. Nicolau, as ruas de Guimarães
foram percorridas por três danças de estudantes e por um engenhoso realejo.
Em 1862, houve dois bailes (danças) na tarde de 6 de
Dezembro.
Em 1863, houve, de tarde, duas danças: uma de camponeses suíços e outro em gosto
caricato à Luís XIV. À noite, ocorreu um incidente, cujos protagonistas
foram mascarados. Foi descrito da seguinte forma nas páginas do Religião e Pátria:
Foi o caso
que, no domingo à noite, dois máscaras entraram no palacete do Ex.mo Snr. Conde
de Azenha e aí parece que espalharam uns bilhetes insultantes e de atroz infâmia.
Felizmente que já se não ignora quem foram esses indignos que assim abusaram de
um recreio honesto e inocente para enxovalharem a veste cândida da classe a que
pertencem; e é por isso, e porque não era de esperar outra coisa de quem não
soube nunca o que são as praxes da boa educação, mas pelo contrário vive só
pelos alcouces e neles tem aguçado a sua índole já de si mesma maldosa, que o
nobre conde, e toda a população da cidade faz justiça à classe que eles tão
infamemente ultrajaram com aquela sua acção malcriada e infame.
Em 1864, houve dois bailes de mascarados. Segundo o
jornal O Vimaranense, um era composto
de estudantes maiores e em gosto mais epigramático, outro de estudantes de mais
tenra idade, vestidos a carácter com extrema elegância e que mais prendeu a
atenção do público.
Os festejos de 1865 foram prejudicados pela chuva. No
entanto, houve algumas exibições e duas danças a carácter, que entretiveram
o público.
[continua]
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