Os Passos da Paixão de Guimarães (6)


Passo do Carmo
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O Passo do Carmo foi originalmente levantado no terreiro com o mesmo nome, entre as ruas da Infesta e do Poço (prolongamento da rua do Gado na direcção do Castelo), hoje desaparecidas. Estava voltado para sul, um pouco acima do lugar onde, até há pouco, esteve o chafariz do Toural. Em 1891, por força do “melhoramento” daquela zona da cidade, na sequência do qual surgiria o Jardim do Carmo, foi desmontado e reconstruído junto do Asilo (actual Lar de Santa Estefânia), encostando-se ao coro da igreja. Como a colocação do Passo inutilizou uma janela do coro de baixo, a Irmandade do Carmo invocou a necessidade de rasgar outra, obra que correria a expensas da Câmara que, para o feito, indemnizaria a Irmandade em 30$000 réis.

Este Passo tem sido aqui objecto de algum interesse, por ter sido representado numa pintura da primeira metade do século XIX, provavelmente de Roquemont. Hoje, apesar de ainda estar por explicar o enigma da torre que se vê por trás do tanque-chafariz, parecem ultrapassadas as dúvidas que se levantaram sobre se a pintura representaria o terreiro do Carmo ou outro lugar qualquer, não necessariamente de Guimarães. No entanto, é evidente que, sendo o passo o mesmo que agora se encosta à igreja do Carmo, as figuras que se vêem no seu interior não o são. Como notou Manuela Alcântara (in Os Passos de Guimarães, ed. de A Muralha, 1990), nos Passos que sobreviveram ao tempo, “a imaginária está disposta arbitrariamente, baralhada, aglomerada”, pelo que não será de estranhar a mudança que é visível. Tudo aponta para que as figuras que aparecem no passo do quadro atribuído Roquemont - com algumas diferenças, que tanto podem resultar da mão do artista, como das sucessivas repinturas das esculturas - estejam hoje no Passo da Senhora da Guia (onde, por volta de 1880, ainda se podia ver a primeira queda de Cristo).

Figurado actual Passo do Carmo.
Aparentemente. reúne figuras provenientes de mais do que um Passo.
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O chafariz de Guimarães (ou Cena de Província)
Pintura atribuída a Auguste Roquemont, 1825-1835
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Pormenor da pintura anterior, mostrando
as figuras do Passo do Carmo.
 
Interior actual do Passo da Senhora da Guia.
A imagem de Cristo parece ser a que estava no Carmo e
que aparece representado no quadro de Roquemont.
Quanto às figuras femininas, permanecem dúvidas.
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