Vendedeiras de mantas no antigo mercado de Guimarães. |
Na Idade Média e no início da Idade Moderna, o centro comercial de
Guimarães situava-se no espaço que abrangia a Praça da Oliveira, os baixos da
Câmara e da Casa de Audiências, a rua dos Pasteleiros e a Praça do Peixe. Eram
os Açougues, que não devemos confundir com os “lugares onde se vendiam carnes
frescas”, que hoje conhecemos por talhos, uma vez que, como explica Viterbo, os
açougues abrangiam “todo o lugar e praça em que se vendiam frutas, pão,
hortaliças, peixe, panelas, etc.”, ou, na definição de Bluteu, “a praça em que
se vende tudo para o sustento da vida”. Neste sentido, os açougues são sinónimo
de mercado.
Era aí que se vendia o peixe, na praça respectiva, a carne,
cortada em talhos situados nos pisos térreos de casas de habitação, o pão, as
hortaliças, o vinho, o azeite, o carvão e outros produtos de primeira
necessidade. Este comércio fazia-se em lojas ou em tendas, sendo que as
primeiras tinham os respectivos balcões no interior das casas, enquanto que as
segundas teriam a banca na rua, eventualmente cobertas por toldos de pano.
Algumas destas tendas andariam por baixo dos alpendres da Praça Maior
(Oliveira).
Os lugares, assim como a duração, do mercado e das feiras de
Guimarães, sofreram muitas mudanças ao longo do tempo.
Em 1258, D. Afonso III mandou fazer quatro feiras anuais em
Guimarães, cada uma com a duração de quatro dias. Em 1369, D. Fernando
extinguiu as feiras anuais, substituindo-as por uma feira semanal. Em 1372, o
mesmo rei restaurou as quatro feiras anuais. Em 1452. D. Afonso V instituiu uma
feira franca anual em Guimarães, que deveria ter lugar entre 7 e 17 de Agosto.
Na segunda metade do século XVII, já se realizava uma feira de
gado em Santo Amaro de Mascotelos, com periodicidade quinzenal. Em 1680, há uma
tentativa de mudar esta feira para a vila. Correu na Relação Do Porto uma
acção, movida por catorze moradores de várias freguesias, contra a mudança da
feira do gado. No dia 3 de Abril de 1681, foi ratificada uma provisão régia
ordenando que “a feira de gados, que havia quinzenalmente em Santo Amaro, se
fizesse na vila de Guimarães no lugar onde se costumava fazer outra no último
sábado de cada mês, conforme ultimamente a Câmara tinha deliberado, por a mesma
lhe ter representado o grande inconveniente em se fazer no dito lugar de Santo
Amaro, onde se praticavam roubos, enganos e descaminhos, e por neste lugar de
novo ser mais conveniente ao povo e arrecadação da fazenda real, sem embargo de
qualquer sentença que houvesse da Relação do Porto”.
Em 1688, um alvará régio autorizou a Câmara a manter em Guimarães
uma feira quinzenal (apenas havia permissão para uma feira mensal, que já não
era suficiente para assegurar o abastecimento da população, que, segundo a
Câmara, estava a crescer). Não se percebe bem qual foi a intenção de requerer
autorização para a realização de uma feira a cada quinze dias quando, naquela
altura, já se realizava a feira de Guimarães já praticava uma periodicidade
semanal.
O mercado de pescado, no século XVIII, continuava a fazer-se na
Praça do Peixe (actual Praça de S. Tiago). Nos dias de feira, a venda de louça
tinha lugar no Toural. Entretanto, a feira de madeira, que então acontecia no
Terreiro de Santa Clara, regressou ao Terreiro da Misericórdia.
Em 1732, foi publicada uma provisão autorizando a realização de
mercado e feira semanal, todos os sábados. A justificação apresentada no
requerimento do procurador que obteve resposta positiva com aquele documento
era, uma vez mais, a do aumento da população da vila.
Segundo um documento de 1791, a feira de pano de linho fazia-se,
desde sempre, ao longo do terreno que, no Toural, encostava à muralha, “por ser
lugar alto formado em escadaria”.
Em 1794, a feira do pão foi transferida do Toural para a Praça da
Oliveira. Ao mesmo tempo, a feira do gado passou para o Campo da Feira.
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