O mercado e as feiras de Guimarães (2)


Praça do Mercado - Feira dos chapéus (1918)
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Em dia de "Feira Afonsina", aqui se conclui uma breve peregrinação pelas feiras e mercados de Guimarães.

Em 1802, foi emitida uma provisão régia que ordenava que a feira do pão (venda de cereais), que tinha lugar na Praça da Oliveira, regressasse ao seu “antigo sítio”, no largo de S. Sebastião.

Em Maio de 1808, a Câmara proibiu as doceiras de montarem suas tendas no Toural, apenas autorizando que “se lhes concedesse licença unicamente para os sábados, às horas de feiras, por ser a feira pública em que se admitem todos e quaisquer feirantes”.

Em 1834, houve uma nova decisão de mudança da feira o pão para o terreiro de S. Francisco.

Em 1861, foi inaugurada uma nova feira, criada um ano antes pela Câmara. Devia estender-se por cinco dias. No entanto, estando prevista para os dias de 3 a 7 de Maio, apenas aconteceu nos dias 4 e 5.

No dia 31 de Agosto de 1842, foi decidido que as regateiras das aves, frutas, sementes, e outros géneros deveriam instalar os respectivos postos de venda junto às colunas da praça da Oliveira. Passados dois anos, passaram do Toural, para entrada da rua de S. Domingos.

Ao dobrar do século XIX, foi decidido criar um novo espaço para a praça do mercado, na cerca do antigo convento de S. Domingos. As obras iriam estender-se ao longo de duas décadas. O mercado de Guimarães funcionaria naquele espaço central da cidade até ao início do século XXI.

Em Março de 1853, a Câmara ordenou que os vendedores de madeira fossem mudados para o Terreiro de Santa Clara.

Em 1856, a venda de galinhas e de carne de porco passou do Toural para o Largo dos Açougues, que se situava nas imediações da antiga igreja de S. Paio.

No dia 11 de Fevereiro de 1857, a Câmara proibiu que se “estendesse” louça para venda no Toural e em outros largos, com excepção do Largo das Carvalhas de S. Francisco.

No início de 1866, a praça da erva passou a ter lugar no largo S. Sebastião e a feira da hortaliça instalou-se nas Lajes do Toural. Na mesma altura, a venda de telhas tinha lugar no terreiro do Carmo.

No final de 1873, a venda de peixe já se fazia na nova praça do mercado.

Em Maio de 1885, o mercado da lenha foi transferido do Largo de S. Sebastião para o Campo da Feira.

Em 1891, a Câmara transferiu a feira dos cereais do Campo D. Afonso Henriques (S. Sebastião) para o Campo da Feira ou para o Largo Franco Castelo Branco (Misericórdia).

Em Setembro de 1912, a venda de cereais (o pão), que então se realizava em S. Francisco, foi transferida para o largo da Misericórdia. Dias depois, a feira de alfaias agrícolas foi transferida da Misericórdia para o Campo de S. Francisco.

Em de Maio de 1914, por deliberação do Senado vimaranense, a feira de cereais saiu do Campo da Misericórdia, para o largo de S. Francisco, regressando a feira das alfaias agrícolas a o Largo da Misericórdia.

Em 1937, havia movimentações no sentido de retirar a feira semanal do Largo João Franco. Em Novembro de 1960, estudava-se a sua passagem da feira semanal do Largo de João Franco para a Praça de S. Tiago. Já nesta praça, seria suspensa no final de 1966. A venda de alfaias agrícolas, ferramentas e utensílios destinados à lavoura, calçado, louças e outros artigos regionais realizava-se então no Largo da Condessa do Juncal até que se encontrasse “local mais apropriado”. Posteriormente, passou a ter lugar nas imediações do Estádio Municipal, antes de ser transferida para o Campo de S. Mamede e artérias adjacentes.

Em resumo: em Guimarães, ao longo dos séculos, não houve uma feira, mas muitas feiras, com grandes variações na periodicidade, nos locais onde tinham lugar e nos géneros que se vendiam. Houve-as semanais, quinzenais, mensais, trimestrais e anuais. Pelas praças e terreiros de Guimarães, dentro e fora dos muros, aconteciam feiras do gado, da louça, da madeira, do fiado e do pano de linho, das mantas, dos chapéus, dos cereais (pão), da erva, da hortaliça, das telhas, da lenha, das alfaias agrícolas, carne de porco, do peixe, das regateiras (aves, frutas, sementes, etc), das doceiras, das padeiras... Com o decorrer do tempo, o essencial destas actividades comerciais que entretanto não desapareceram foi-se concentrando na praça do mercado e na feira semanal, actualmente instalados em espaços próprios, de construção contemporânea.

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