A propósito de um prodígio, agora recordado, contado pelo Padre António Vieira e acontecido em Guimarães no ano de 1665, em que um enfermo expulsou pela boca um dragão com mais de um metro de comprimento, recordo um outro, algo semelhante, acontecido mais de quinhentos antes. Protagonista: Egas Moniz, que expeliu pela boca o próprio Diabo. Aqui fica a história, tal como a encontrei:
No ano de mil e noventa e quatro na vila de Guimarães nasceu o venerável Senhor Rei D. Afonso Henriques, levaram-no a baptizar, porém vendo S. Geraldo Arcebispo de Braga, que havia administrar o sacramento, que o vinha acompanhando o notável cavalheiro Egas Moniz seu aio, o qual estava excomungado, ordenou se retirasse do templo; sofreu isto mal o dito Egas, e quis dar no Santo Arcebispo, e logo lhe entrou no corpo o demónio, e o lançaram fora. Acabado o baptismo rogaram os fidalgos ao Santo Arcebispo que pedisse a Deus o remédio para Egas Moniz; o que ele fez, e logo saiu o demónio do seu corpo pela boca, envolto em fumo de fedor tão horrível, que obrigou a fuga, e pasmo dos circunstantes, que para sempre veneraram o Santo Arcebispo.
Academia dos humildes, e ignorantes. Dialogo Entre hum Theologo, hum Filosofo, hum Ermitao, e hum Soldado… por D. F. J. C. D. S. R. B. H., Officina de Ignacio Nogueira Xisto, Lisboa, 1762, Tomo I, pp. 117-118.
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