A Praça de S. Tiago (5)

A "Casa Medieval" da Praça de S. Tiago
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A mesma casa, quando ainda se encontrava na viela de S. Dâmaso
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Na década de 1960, foi-lhe acrescentado à Praça de S. Tiago, um novo elemento, o edifício conhecido por “Casa Medieval”, que foi removido do local onde se encontrava, na sequência das obras que rasgaram a alameda que vai do antigo jardim Público ao Campo da Feira. Foi reconstruída no topo do bloco de casas situadas entre o Largo de S. Tiago e a rua dos Açoutados, do lado contrário ao edifício dos antigos Paços do Concelho. O transplante deste edifício foi saudado por A. L. de Carvalho, no Notícias de Guimarães de 15 de Fevereiro de 1959, como “um feliz advento para aquele abandonado rossio”, cujo estado constituíria “um espectáculo pouco edificante para a fisionomia arcaica daquela zona da cidade”.

O processo de trasladação e reconstrução da “Casa Medieval” arrastou-se ao longo do tempo. Pensada em 1959, só em Maio de 1963 é que a Câmara Municipal decidiu a sua concretização “com a máxima autenticidade”, com o propósito de entregar o edifício à Junta de Turismo local. O concurso para a reconstrução aconteceria apenas no final de Julho de 1967. A inauguração teve lugar no dia 31 de Maio de 1968.

Resta dizer que a "Casa Medieval" não foi reconstruída exactamente como era. A frente voltada a norte, com uma varanda e duas janelas, não existia na Viela de S. Dâmaso (a casa estava encostada a dois outros edifícios). A reconstituição da frontaria voltada para a Praça de S. Tiago, com o característico ressalto (saliência dos pisos superiores em relação ao rés-do-chão, que alinha com a rua), essa sim, foi fiel.

Resta dizer que a “Casa Medieval” não é medieval. É do século XVII. Alberto Vieira Braga, no n.º XVIII das suas Curiosidades de Guimarães (Revista de Guimarães n.º 69, de 1958, pág. 170), descreveu-a assim, quando ainda estava em S. Dâmaso:

“(…) é exemplar único e pouco vulgar, puramente seiscentista. Tem o rés-do-chão de pedra, avultando logo como que uma meia laranja de gomos de pedra, elegante saliência que suporta o primeiro andar, também de pedra, rematando com o enxerto do segundo andar, liso e de tabique.”

A Casa (dita) Medieval, onde hoje funciona o Gabinete de Imprensa de Guimarães, é um dos “salvados” do arrasamento do quarteirão de S. Dâmaso em meados do século XX. O outro é a Igreja de S. Dâmaso, que na mesma altura foi transferida para um dos topos do Campo de S. Mamede.

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