O Toural, numa fotografia de meados do séc. XX |
Num tempo em que ainda não tinha a configuração actual (recorde-se que, no essencial, os edifícios que hoje fecham a praça são do século XIX), era o Campo do Toural (algumas vezes, o terreiro do Toural). Na centúria de oitocentos afirmou-se como a Praça do Toural (designação já usada, por exemplo, pelo Padre Torcato Peixoto de Azevedo no início do século XVIII). Em Novembro de 1911, quando o monumento a D. Afonso Henriques já tinha sido trasladado para ali, a República mudou o nome do Toural para Praça do Libertador de Portugal. Pouco tempo perduraria esse nome: ainda 1911 não tinha chegado ao fim e já o Toural era conhecido por Praça D. Afonso Henriques, designação que se manteria até Dezembro de 1943. Passou então a designar-se oficialmente por Largo do Toural, nome que ainda hoje se mantém, mas que não corresponde à história, nem à configuração física da sala de visitas de Guimarães.
Todavia, para os vimaranenses, aquele espaço central da Guimarães que se ia alargando para fora das velhas muralhas, nunca deixou de ser, apenas e só, o Toural.
E assim continuará a ser. Mas julgo que já era tempo de devolver o Toural à sua condição de praça. O vocábulo largo, atribuído a território urbano, designa, por definição um “espaço desimpedido numa povoação, mais amplo que as ruas que nele desembocam, e menor, geralmente, que uma praça”, enquanto que uma praça é um “lugar público, grande largo, geralmente rodeado de edifícios, para embelezamento de uma cidade, vila, etc., e como meio higiénico para melhor circulação do ar e plantação de árvores” (definições do Grande Dicionário da Língua Portuguesa, de José Pedro Machado). Se assim é, não restam dúvidas de que o Toural é uma praça, e não um largo.
Quando estão em curso obras de requalificação do Toural que irão devolver aquele espaço à sua grandeza, faz sentido repensar a sua designação oficial, elevando-o à condição de praça, que é, naturalmente, a sua. Praça do Toural, portanto.
8 Comentários
Confesso, às vezes, a minha dificuldade em orientar algum turista para algum destes sítios com nomes oficiais diferentes dos populares.
"Praça" era o mercado antigo.
Tem razão. A tradição de se mudar o nome das ruas e praças é prática relativamente recente (de finais do séc. XIX) e tem andado ao sabor da agenda política e das modas. Faria todo o sentido voltar a consagrar oficialmente as designações tradicionais, que nunca se perderam na memória das gentes. A questão que coloco em relação ao Toural é um pouco diferente. Será sempre o Toural, mas não é um largo.
Caro anónimo,
O mercado antigo era uma praça, de facto, no sentido de local de venda de géneros de diferente natureza. E tinha, também, a configuração de uma praça enquanto espaço urbano (Fernando Távora sugeriu mesmo que ali se fizesse uma praça "à espanhola"). Mas em Guimarães havia, sempre houve, várias outras praças, no sentido que eu uso no meu texto. TOural é uma delas.
Bem, o melhor é ir para a minha casa na "Av.Velha", vou pelo "Parque Infantil" e estou quase lá.
É verdade, GMR afinal tem ruas pedonais, pá, a "Tulha", só lhe falta uns banquitos e umas floreiras...
E a Rua de "Relho", aposto que ninguém sabe onde é.
Guimarães também é isto.
Desculpe lá, mas o sr, não sabe mesmo onde é a Rua da Madroa...
A Madroa tinha uma ponte, que inclinava para a rua das Molianas, que ia dar à Cruz de pedra. Antigamente, ficava numa das saídas de Guimarães (a que dava para o Porto, pela estrada de Santo Tirso).
Hoje tem um nome magnífico: Rua da Liberdade (nome que lhe deu a República - até 1910, chamavam-lhe rua da Alegria; em 1943, talvez por não serem lá muito libertários, os que então mandavam devolveram-lhe o velho nome de rua da Madroa e eu julgo que recuperou a Liberdade depois do 25 de Abril).
A dúvida deve-se a ter encontrado num assento de óbito de um familiar meu,que morreu em 1892, a indicação de que falecera na Praça D. Afonso Henriques.
Grata pela atenção
Maria do Céu