A Praça de S. Tiago (3)

Capela de S. Tiago (desenho de Carlos Van Zeller, 1835).
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A Capela de S. Tiago foi demolida quase no final do século XIX, num tempo em que a cidade de Guimarães já tinha sido amplamente fotografada. No entanto, não conhecemos qualquer fotografia deste monumento.


A primitiva capela da Praça de S. Tiago seria, segundo a tradição, um templo pagão, dedicado à deusa Ceres. O edifício que perdurou até ao último quartel do século XIX foi erigido no início do século XVII, no lugar da capela original, que se encontrava em ruínas.

Em Julho de 1882, a Câmara, por proposta do seu Vice-Presidente José de Castro Sampaio, decidiu expropriar a Capela de S. Tiago, com o propósito de a demolir, no quadro do projecto de melhoramento da Praça de S. Tiago proposto na década de 1860 pelo Eng.º Almeida Ribeiro. Houve quem protestasse contra esta demolição, considerando-a lesiva do património. Nos protestos, destacou-se o Padre Abílio Passos, que fez publicar uma carta sobre o assunto, no O Comércio de Guimarães (6 de Julho de 1885), na qual, apesar de ver com simpatia a intenção de “(…) proceder a melhoramentos no largo de S. Tiago, porque nisso havia reconhecida vantagem mais crescida ainda da boa higiene, pois todos conhecemos as más condições do local e suas pertenças bem como vemos as ruínas, que ameaçam algumas das construções da travessa do mesmo nome, que são acanhadas e velhas, desmanteladas e sujas”, protestava veementemente contra a demolição de uma “verdadeira página de pedra para a nossa história momentosa, heróica e respeitável”.

Não obstante os protestos, a decisão de demolição iria manter-se. Em Maio de 1886 foi publicada uma carta de lei autorizando a Câmara Municipal a avançar com a sua intenção. A demolição consumar-se-ia em Janeiro de 1887. A requalificação da Praça de S. Tiago, dirigida por Fernando Távora no último quartel do século XX, devolveria, simbolicamente, a capela à praça, gravando o traçado da sua planta no chão onde outrora se ergueu.

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