No dia 29 de Março, o Conselho Geral da Fundação Cidade de Guimarães, depois de fazer a avaliação da situação da preparação da Capital Europeia da Cultura, recomendou o respectivo Conselho de Administração que “prestasse especial atenção aos temas da comunicação e do envolvimento da cidade e das suas instituições” e promovesse “uma reflexão estratégica com vista a adoptar práticas que permitam uma ligação reforçada entre a CEC2012 e os agentes culturais, económicos e sociais de Guimarães e da região, que procure melhorar a articulação com o Ministério da Cultura e que faça o necessário para projectar de forma continuada e activa, nacional e internacionalmente, a CEC 2012”. Foi anunciado, pelo Conselho de Administração, que a reflexão recomendada já estava em curso e que “dentro de duas semanas” teríamos conclusões.
Cinquenta dias são passados sobre aquela data.
E nada aconteceu.
Um nada que está carregado de sinais inquietantes.
Na comunicação, o que estava mal continua mal, ou pior. De consequências das críticas do Conselho Geral, nem indícios. De preocupação com a ligação com a cidade e com o envolvimento dos cidadãos, nem um sinal, excepto palavras inconsequentes e iniciativas avulsas, mal amanhadas e mal negociadas.
A última machadada na confiança dos que ainda acreditavam que, com esta Fundação Cidade de Guimarães, era possível termos uma Capital Europeia da Cultura que não nos envergonhasse e que cumprisse os objectivos mínimos das expectativas que nos foram criadas, é a notícia que hoje vai correndo por aí: está consumada a demissão do Director de Projecto, peça chave no processo de concepção e desenvolvimento do programa cultural para Guimarães 2012. O que fica? Fica um grupo de programadores que trabalham em circuito fechado. Fica uma estrutura inorgânica, composta por peças desagregadas, a que falta a perspectiva de conjunto que permita perceber que as partes dão forma a um todo congruente e harmónico.
Uma Capital Europeia da Cultura não se constrói assim.
O barco vai à deriva, sem rumo certo, anunciando-se o afundamento. O problema já se percebeu onde está. Está na sala de comando, onde, apesar dos avisos, quem comanda, não vê, nem ouve. Mas fala: cada vez mais distante da realidade, vai explicando, com eloquência e vazio, que a sombra que se aproxima, não é o abismo que todos adivinham, mas o sol radioso da terra prometida, que ninguém mais enxerga.
E nós? Ficamos a ver o naufrágio acontecer?
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