A implantação República nos jornais de Guimarães (3)



Do Independente, 8 de Outubro de 1910



O ADVENTO DA REPÚBLICA

 
Como os leitores já sabem pela leitura dos jornais diários, está definitivamente proclamada a República em Portugal.

Após uma luta heróica entre os revolucionários e as tropas que se conservaram fiéis às instituições monárquicas, triunfou a causa republicana ao cabo de um renhidíssimo combate que se prolongou durante 19 horas.


O governo provisório da República ficou assim constituído:

Presidência, dr. Joaquim Teófilo Braga.

Interior, dr. António José de Almeida.


Justiça, dr. Afonso Costa.


Fazenda, Basílio Teles.


Guerra, António Xavier Correia Barreto.


Marinha, Amaro Justiniano de Azevedo Gomes.


Estrangeiros, dr. Bernardino Luís Machado Guimarães.


Obras públicas, dr. António Luís Gomes.


Com a assistência da Comissão Municipal Republicana, autoridades e outras individualidades, realizou-se hoje ao meio dia no edifício da Câmara Municipal desta cidade a proclamação da República Portuguesa, sendo hasteada nos Paços do Concelho a bandeira da República.


A proclamação foi lida pelo snr. dr. Eduardo de Almeida.


Tudo correu na melhor ordem.


A banda militar do regimento de infantaria n.º 20 e as duas bandas civis desta cidade tocaram a "Portuguesa" durante a cerimónia da proclamação da República.


Em quanto as bandas de música executaram o hino anunciador da implantação da República Portuguesa, os manifestantes, que se encontravam nos Paços do concelho e no largo fronteiro, aclamaram e saudaram com entusiasmo as novas instituições, sendo levantados muitos vivas à Pátria e à República.



Autoridades



O Governo Provisório nomeou governador civil de Braga o snr. dr. Manuel Monteiro, o qual anteontem assumiu as funções do seu cargo.



*


Foi nomeado administrador deste concelho e já ontem tomou posse do seu lugar o snr. dr. Eduardo de Almeida Júnior, distintíssimo advogado nos auditórios desta comarca.

A escolha foi acertadíssima, pois o nomeado ao seu belo carácter alia uma luminosa inteligência, o que tudo faz prever que o novel funcionário há-de desempenhar-se brilhantemente da missão que lhe foi confiada.


Felicitamo-lo cordialmente.

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