A implantação República nos jornais de Guimarães (2)


Do Regenerador, de 7 de Outubro de 1910:

 
Por Guimarães

Nesta faina jornalística, em que temos andado, a par da defesa dum partido que julgamos bem intencionado e apto para bem governar o país, tivemos sempre esta preocupação — sermos úteis à nossa terra, promovendo o seu engrandecimento, ora lembrando o que lhe era útil, ora censurando em gazetilhas ligeiras e inofensivas o que nos parecia digno de censura.

Nunca a nossa pena se moveu por ódios pessoais nem por intransigências dum partidarismo faccioso.

Então, como hoje; hoje, como sempre, nós pusemos ao servido desta terra onde nascemos os minguados recursos da nossa inteligência e o esforço da nossa boa vontade.

Como há sempre quem malsine as melhores intenções e de tudo faça política, nem sempre se nos fez justiça. A maldade humana vê sempre oculto nas dobras dos mais belos empreendimentos o espírito de ganância, o desejo de figurar, o mercantilismo torpe, a vaidade balofa e estulta.

Deixá-la!
*

A pátria portuguesa está passando por um dos momentos mais notáveis da sua existência histórica.

Baqueia um regime que contava 8 séculos de vida, em que houve dias venturosos, como os das conquistas sociais de Afonso Henriques, das lutas pela independência de D. João I, das aventuras marítimas do tempo de D. Manuel, da restauração de D. João IV; e momentos de amargura, como o desastre de Alcácer-Quibir, os 60 anos de dominação espanhola e a decadência que se acentuou em diferentes épocas da nossa história.

Não é sem uma certa tristeza que vemos baquear a instituição monárquica e arriar a linda bandeira azul e branca, em que se ostentavam as Quinas que afirmaram ao longe e ao largo o espírito aventureiro dos nossos nautas e o valor heróico dos nossos guerreiros.

Mas não nos apavora o sistema republicano.

Homens de ordem e de paz, acatamos, como é do nosso dever, o governo legitimamente constituído e que represente a vontade da maioria da nação.

O que queremos é que haja o respeito por todos os direitos e que todos cumpram o seu dever patriótico.

O que desejamos ardentemente é que os homens que estão à frente dos negócios deste velho Portugal afirmem ao mundo civilizado talento e rectidão de intenções, promovendo o progresso e o engrandecimento da Pátria.

Que Deus continue a proteger o torrão abençoado em que nascemos!

Que as bênçãos do Céu desçam sempre sobre a terra bendita da Pátria!

Nós, vimaranenses, devemos sempre pugnar, principalmente, pelo progresso desta nossa terra; mas para isso é necessário que nos unamos e vivamos como irmãos, afastando os ódios, que separam, os sentimentos de inveja e de rancor que nos aviltam.

Seja o nosso lema — "Por Guimarães!"



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Proclamação da República

Depois de renhida luta, em que, segundo consta, morreram muitas pessoas, foi proclamada a república em Lisboa (…).

Ontem alguns partidários do novo regime saíram para a rua, à noite, em manifestação, indo ao quartel de infantaria 20.

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