A servidão de Cunha e Ruilhe (9)



 
Para esclarecermos as dúvidas acerca da servidão da vassoura a que estavam condenados os moradores de Cunha e de Ruilhe e a sua suposta relação com Barcelos e a conquista de Ceuta, teremos que reler os documentos. Nas inquirições gerais de D. Dinis, iniciadas no ano de 1288, no capítulo da "inquiriçom que se tirou sobre as honrras e deuassos dos julgados de guimarãees [e Freitas] e suas freguisias quintaans e casaes", encontramos descritas aquelas duas freguesias:

 
S. Miguel de Cunha
"Item freguesia de sam migell de cuia dizem as testemunhas que a meyadade de toda a villa e del Rey Reguenga e a meyadade he de ffilhos dalgo e de moesteiros e de Igrejas a que as mandarom os filhos dalguo – em esta meyadade dos filhos dalgo som quatro quimtaams que som de filhos e netos de lourenço ffernamdez e virom nas honrradas desque se acordam as testemunhas e per Razam destas quintaams trazem por honrra toda a villa assy ho Reguengo del Rey como todo ho all que nom emtra hy moordomo do carritell nem peita voz nem coyma saluo que entra hy o moordomo do pam polas teigas. — Estee como estaa –"

 
S. Paio de Ruilhe
"Item fregueja de sam payo de Roilhe nom ha hy honrra nem huuma outra e he toda daffonsso Rodriguez ca lho deu el Rey em escambho – Estee como estaa–"
 
[Guimarães, João Gomes de Oliveira, Vimaranis Monumenta Historica, pp. p. 347, 351 e 358]

 
Ou seja: Cunha e Ruilhe, que, em 1220, como informa o Abade de Tagilde, pertenciam ao Julgado de Penafiel (Terra de Penafiel de Bastuço, que hoje pertence ao concelho de Barcelos, em zona limítrofe de Cunha e Ruilhe, actualmente integradas no concelho de Braga), no final do século XIII já faziam parte do termo do concelho de Guimarães. A conquista de Ceuta apenas acontecerá mais de um século mais tarde, em 1415. 

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