O Padre António Vieira
Em 1910, João de Meira publicou, em dois números do jornal Independente, um texto com o título O padre António Vieira e os Cometas, que partiu da sua leitura do texto Voz de Deus ao mundo, a Portugal e à Baía – Juízo do Cometa que nela foi visto em 27 de Outubro de 1695 e continua até hoje 9 de Novembro do mesmo ano, no qual, segundo Meira, intenta Vieira demonstrar nele com grande cópia de citações, que "depois que os Profetas cessaram começou Deus a falar pelos Cometas que é a linguagem universal de maior majestade, e horror de que usa extraordinariamente a seus tempos e em casos graves".
O texto de João de Meira, com 100 anos concluídos hoje, conclui assim:
"Vieira, na sua ingénua velhice, pregou, ao escrever a Voz de Deus, a reforma e a morigeração dos costumes por via dos cometas:
Acabem-se os ódios, reconcilie-se as inimizades, perdoem-se as injúrias, componham-se as demandas, restitua-se a fazenda mal adquirida, e a fama. Paguem os poderosos o suor que estão devendo aos pequenos; cessem as opressões dos pobres, e cesse o luxo e a vaidade, que se sustenta do seu sangue.
Se um cometa fosse capaz de produzir quanto o bom padre dele esperava há muito que o nosso mundo tinha atingido a perfeição pela multidão do cometas que o têm visitado.
Mas decididamente isto não vai com cometas."
Guimarães, 15-5-10,
J. de M. [João de Meira]
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