Ao Marquês de Pombal quando destituído dos seus cargos, e mandado para a sua casa do Pombal.
Na mesma ocasião [do anterior]
Que tirasse o Marquês com mão avara
Do erário d'el-rei o metal louro;
Que ajuntasse um riquíssimo tesouro,
Sem inveja de lhe ter, eu desculpara:
A sede insaciável se fartara
No contrato dos vinhos do Alto-Douro,
Se roubasse ao judeu, ao índio, ao mouro,
E ao rico holandês, não criminara:
Mas o que não consinto, nem aprovo
É da sua ambição dar-nos assunto,
Assunto nunca visto, assunto novo:
Pois não contente do que tinha junto,
Até tirou as lágrimas ao povo
Com que chorar devia o rei defunto!
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