Entre os incontáveis tesouros que se guardam na Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento, conta-se um exemplar da primeira edição de Os Lusíadas. Por facilidade, reproduzo aqui a descrição que preparei há alguns anos para a página na internet da Casa de Sarmento:
Os Lvsiadas / de Luis de Camões .- Impressos em Lisboa : em casa de Antonio Gõçaluez Impressor, 1572, 186 f.; 4ª (25 cm).
Edição conhecida por edição "Ee".
A primeira edição, de 1572, produzida em casa do impressor António Gonçalves, de Lisboa tem sido objecto de uma velha controvérsia, iniciada no século XVII com a publicação de "Os Lusíadas Comentados" de Manuel de Faria e Sousa, que descobriu que o pelicano que figura no frontispício da edição de 1572 aparece voltado para o lado esquerdo, nuns exemplares, e para o direito, em outros. A partir dos comentários deste autor, passou a aceitar-se a existência de duas edições da obra no ano de 1572, geralmente identificadas por A (pelicano voltado para a esquerda) e B (pelicano voltado para a direita) ou Ee e E, conforme no penúltimo verso da primeira estância apareça, sem a conjunção E entre gente remota edificarão ou apenas Entre…
A Sociedade Martins Sarmento possui um exemplar da edição conhecida por A ou Ee, hoje admitida como edição princeps, que apresenta o colo do pelicano voltado para a esquerda, e cuja impressão se pensa ter sido acompanhada pelo próprio poeta.
A primeira edição do poema camoniano deu origem a uma polémica, iniciada por Manuel de Faria e Sousa, na sua edição de 1639 de Os Lusíadas Comentados, quando constatou que o pelicano que figura no frontispício da obra aparecia voltado ora para a esquerda ora para a direita, em diferentes exemplares dessa edição, concluindo que terão saído do prelo, no ano de 1572, duas edições da obra.
Há alguns anos, Kenneth David Jackson, da Universidade de Yale, que consultou e comparou diferentes exemplares de 1572 de Os Lusíadas, foi de encontro a uma conclusão já avançada em 1846 por Rodrigo da Fonseca Magalhães, segundo a qual as diferenças detectadas em diversos exemplares da obra seriam o resultado de correcções efectuadas por Luís de Camões durante o processo de impressão. Não haveria, portanto, mais do que uma edição de 1572.
Há alguns anos, Kenneth David Jackson, da Universidade de Yale, que consultou e comparou diferentes exemplares de 1572 de Os Lusíadas, foi de encontro a uma conclusão já avançada em 1846 por Rodrigo da Fonseca Magalhães, segundo a qual as diferenças detectadas em diversos exemplares da obra seriam o resultado de correcções efectuadas por Luís de Camões durante o processo de impressão. Não haveria, portanto, mais do que uma edição de 1572.
Quando a Universidade do Minho decidiu assinalar o seu trigésimo aniversário com a edição de um fac símile do exemplar de Os Lusíadas da SMS, com prefácio de Vítor Aguiar e Silva, tentei descobrir o rasto daquele volume até à sua entrada na Biblioteca de Guimarães. Aquilo que encontrei tem as suas curiosidades, que irei descrever aqui por estes dias.
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