Saber, filho espúrio da Verdade,
A quem a mãe cruel sempre enjeitou!
Tu que quanto mais cresces em idade
Mais longe vês a mãe que te gerou,
Para que ao começar-lhe a mocidade
Foi que teu hálito rude o bafejou?
Pois para que há-de ele, para que há-de
Cansar um dia que inda não chegou?
De que vale, Saber, o consumir
Esterilmente um ano e outro ano.
Se o tempo tudo há-de enfim delir?
De que vale, Saber, estudo insano,
Se o passado, o presente e o porvir
São engano… são tudo o mesmo engano!
Antero de Quental [aliás, João de Meira, 1911]
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