D. Afonso Henriques nasceu em Viseu? (6)

[Ler texto anterior]

A propósito da cerimónia de doação do Mosteiro do Lorvão à Sé de Coimbra, em 29 de Julho de 1109, eis o que escreve A. de Almeida Fernandes (clicar na imagem para ampliar):

Fernandes, A. de Almeida - Viseu, Agosto de 1109 – Nasce D. Afonso Henriques, ed. de 1993, pág. 166

E eis o que se lê no documento de doação, na parte da assinatura dos presentes:

Documentos Medievais Portugueses. Documentos Régios, org. Rui Pinto de Azevedo, Academia Portuguesa de História, Lisboa, 1958, n.º 15, pp. 19-21

Ou seja, à luz da documentação disponível, D. Teresa esteve presente na cerimónia de Coimbra, tendo assinado o documento de doação ao lado do seu marido, D. Henrique. Não estava, portanto, retida em Viseu. Note-se que este era um argumento fundamental na tese de Almeida Fernandes.

Comentar

3 Comentários

Anónimo disse…
Doutor Amaro das Neves,
contesta com o documento de Viseu aquilo que se refere à cerimónia de Coimbra.
Penso que precisa de fazer uma nova leitura dos Documentos Medievais e do livro do Almeida Fernandes.
Não é com base no documento de Viseu que, na minha opinião, não bate certo o argumento de Almeida Fernandes acerca da cerimónia de Coimbra. Baseio-me no documento de Coimbra. Mas, mesmo em assuntos de lana caprina como este, todas as leituras nunca são demais. Todavia, da leitura que faço do documento de Coimbra, não percebo como é que, com base nele, se pode afirmar que D. Teresa não esteve presente na cerimónia. Apenas isso.
António José Coelho disse…
Dr.º Amaro das Neves penso que a tese do Dr. A. de Almeida Fernandes, "Viseu, Agosto de 1109, nasce D. Afonso Henriques" vai fazendo o seu caminho contra a tradição do nascimento em Guimarães. Todos temos consciência que o peso da "tradição" é grande, mas isso não nos deve deixar de reflectir ou turvar nos pensamentos. È uma tese com só com quase 20 anos contra a afirmação de uam tradição de quatro séculos.
Deixe-me lembra-lhe Séneca:
"Veniet tempus quo ista quae nunc latent in lucem dies extrahat et longioris aeui diligentia. Ad inquisitionem tantorum aetas una non sufficit, ut tota caelo uacet: quid quod tam poucos annos inter studia ac uitia non aequa portione diuidimus? Itaque per successiones ista longas explicabuntur. Viniet tempos quo posteri nostri tam aperta nos nescisse mirentur.”

Séneca
(Corduba, 4 a.C. – Roma, 65 d. C.)
in SÉNÈQUE – Questions Naturelles, texte établi et traduit par Paul Oltarmare. Tomo I/III, Paris, Société d’Édition Les Belles-Lettres, 1929, pp 326-327.

Tradução livre: “Virá o dia em que, através de um estudo continuado de muitos séculos, as coisas actualmente escondidas parecerão evidentes e a posteridade se espantará por coisas tão claras nos terem escapado.”

Saudações,
António José Coelho