Na cerimónia da doação do Convento de Lorvão, estiveram presentes diversos “homines de Uiseo”, que subscreveram o documento. O historiador Rui de Azevedo, tendo estudado o instrumento de doação, não soube explicar as razões da comparência da delegação viseense. Mas Almeida Fernandes, medievalista de muitas certezas em terreno onde são mais férteis as dúvidas, encontrou uma explicação: eram representantes de D. Teresa: “Como se mantivesse o impedimento da sua comparência em pessoa em Coimbra, enviou D. Teresa uma deputação sua à dita cerimónia, constituída pelo prior de Santa Maria de Viseu e por um presbítero da mesma, e por treze personalidades populares de importância em Viseu” (p. 139). Almeida Fernandes repete aqui o argumento de que D. Teresa, por supostamente se encontrar em avançado estado de gravidez, estaria retida em Viseu, a que junta a informação de que as testemunhas viseenses da doação do Convento de Lorvão seriam seus representantes. Nem esta informação, nem aquele argumento, como já vimos, têm qualquer suporte documental. O único dado sustentado por Almeida Fernandes assenta numa confirmação da doação por D. Teresa, que teria sido dada em Viseu, no início de Agosto de 1109. Porém, não há qualquer certeza quanto à data em que esta confirmação terá sido assinada. Aliás, esse documento, como veremos, teve propósito diferente daquele que Almeida Fernandes lhe atribui.
Afirma Almeida Fernandes que a doação do Mosteiro de Lorvão à Sé de Coimbra é “o documento fundamental” no seu estudo, por demonstrar que D. Teresa não esteve presente na catedral de Coimbra no acto da sua outorga, por se encontrar retida em Viseu por força do seu estado fisiológico. Sem o cimento que lhe é dado por este documento e pela leitura que dele faz, toda a sua tese se esboroaria como um castelo de cartas.
Tomemos então o documento de doação, publicado por Rui Pinto de Azevedo, na colecção dos Documentos Medievais Portugueses. Documentos Régios, Tomo I. É o documento n.º 15 (pp. 19-21). No final, estão inscritas as seguintes assinaturas confirmatórias:
Ego Henricus Dei gratia comes et totjus Portugalensie dominus hoc donatjonis scriptum grato benignoque animo conf. +. Et ego Tarasia Ildefonsi imperatoris filia et Henrico comitis uxor hoc scriptum similiter confirmo +
Ou seja: salta aos olhos que o documento foi subscrito por ambos os doadores, D. Henrique e D. Teresa, cujas assinaturas foram apostas no altar da catedral de Coimbra. Assim se demonstra que, ao contrário do que sustenta Almeida Fernandes, D. Teresa esteve presente, a 29 de Julho de 1109, na cerimónia da catedral de Coimbra. Assim sendo, cai pela base o principal argumento usado para sustentar a sua tese acerca do nascimento de D. Afonso Henriques em Viseu em meados do Verão daquele ano: por aquela altura, D. Teresa não estava retida naquela cidade. Ao mesmo tempo, deixa de fazer sentido a justificação de que os “homines de Uiseo” presentes na cerimónia de Coimbra, aos quais Almeida Fernandes dedica grande parte do seu livro, ali estivessem em representação de D. Teresa. Porque haveriam de estar, se a própria lá se encontrava?
Afirma Almeida Fernandes que a doação do Mosteiro de Lorvão à Sé de Coimbra é “o documento fundamental” no seu estudo, por demonstrar que D. Teresa não esteve presente na catedral de Coimbra no acto da sua outorga, por se encontrar retida em Viseu por força do seu estado fisiológico. Sem o cimento que lhe é dado por este documento e pela leitura que dele faz, toda a sua tese se esboroaria como um castelo de cartas.
Tomemos então o documento de doação, publicado por Rui Pinto de Azevedo, na colecção dos Documentos Medievais Portugueses. Documentos Régios, Tomo I. É o documento n.º 15 (pp. 19-21). No final, estão inscritas as seguintes assinaturas confirmatórias:
Ego Henricus Dei gratia comes et totjus Portugalensie dominus hoc donatjonis scriptum grato benignoque animo conf. +. Et ego Tarasia Ildefonsi imperatoris filia et Henrico comitis uxor hoc scriptum similiter confirmo +
Ou seja: salta aos olhos que o documento foi subscrito por ambos os doadores, D. Henrique e D. Teresa, cujas assinaturas foram apostas no altar da catedral de Coimbra. Assim se demonstra que, ao contrário do que sustenta Almeida Fernandes, D. Teresa esteve presente, a 29 de Julho de 1109, na cerimónia da catedral de Coimbra. Assim sendo, cai pela base o principal argumento usado para sustentar a sua tese acerca do nascimento de D. Afonso Henriques em Viseu em meados do Verão daquele ano: por aquela altura, D. Teresa não estava retida naquela cidade. Ao mesmo tempo, deixa de fazer sentido a justificação de que os “homines de Uiseo” presentes na cerimónia de Coimbra, aos quais Almeida Fernandes dedica grande parte do seu livro, ali estivessem em representação de D. Teresa. Porque haveriam de estar, se a própria lá se encontrava?
0 Comentários