Luís Pinto de Sousa Coutinho, 1.º Visconde de Balsemão (gravura de 1797, de Francesco Bartolozzi, a partir de obra de Domingos António de Sequeira)
Da obra poética da Viscondessa de Balsemão faz parte um soneto onde realça a constância de uma flor, a perpétua, ao qual respondeu o seu marido, Luís Pinto de Sousa, com um outro soneto. Aqui ficam ambos.
Pastores destes vales habitantes
Pastores que viveis nesta Espessura
Quero de vós saber se por ventura
Há no mundo Perpétuas inconstantes.
Nos montes mais vizinhos e distantes
Entre vós a perpétua sempre dura,
Animada daquela igual ternura
De vossos corações firmes e amantes.
Por não ter de Alecrim a variedade,
Conserva sempre o ser de amor-perfeito,
Sem que entre nela o roxo da saudade.
E sendo tenra flor, na realidade
Tem duração eterna
Em Louvor do Soneto antecedente, pelos mesmos consoantes.
Pinto de Sousa
Sobre as ondas do Minho os habitantes
Do líquido Elemento e da Espessura
Ouviram seus assentos, que à ventura
Sujeitam as suas Leis sempre constantes.
Aos ecos solitários e distantes
O Pastor os repete e já procura
Gravá-los sobre os troncos, que a brandura
Destes versos em si guardam amantes
Eles têm da Natura a variedade,
A força de animar o amor-perfeito
E de enxugar o pranto da saudade
Vede se pode haver mais raro efeito
Que atar o doce Amor à liberdade
Com o amor divino de teu peito!
Sonetos colhidos aqui
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