Teve por pais muito ilustres a Pedro Galvão e D. Maria Pires.
Abandonando as grandezas do século e toda a herança, a que tinha direito, deixa o mundo no melhor dos anos e veste o hábito dos monges de S. Jerónimo no Mosteiro da Costa pelos anos de 1178.
Dotado dum talento privilegiado, cursa na Universidade de Paris e com tanta distinção, que recebe ali grau de mestre em Teologia e volta em seguida a Portugal, onde como mestre-escola lê teologia moral na nossa Colegiada.
Conhecido em todo o reino e fora dele pela sua aptidão, teve o nosso compatrício a subida honra de ser escolhido por D. Sancho I para ir dar obediência ao novo pontífice Inocêncio III, seu antigo condiscípulo, que não consentindo que voltasse a Portugal, elevou-o na cúria romana, primeiro a vice-cancelário, distinguindo-o depois com os títulos de cardeal diácono em 1206, cardeal presbítero em 1211 com o título de Santa Cecília, e finalmente a bispo albanense em 1215.
Por morte de Inocêncio III nada perdeu o nosso imortal patrício da sua influência na corte pontifícia; mas antes pelo contrário, foi tido em tão considerada estima pelo novo pontífice Honório III, que a Paio Galvão deve sem dúvida a patriarca S. Domingos as bulas de confirmação para a fundação da sua Ordem.
Na cruzada, que este pontífice formara para a conquista da Terra Santa, foi ainda nomeado delegado apostólico o nosso D. Paio, que depois, finalmente, de haver honrado com os seus conhecimentos a universidade de Paris e a Colegiada de Guimarães, de pois de haver ilustrado a cúria romana com a sua ciência e altos serviços, faleceu no Monte Cassino no dia 1 de Junho de 1228 com opinião de bem-aventurado.
[João Gomes de Oliveira Guimarães, in O Espectador, n.º 31, Guimarães, 29 de Maio de 1884]
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