Vimaranenses: Fr. Bernardino de Santa Rosa

Filho de Manuel Pereira Soares e Maria Pereira de Fontes, [Fr. Bernardino de Santa Rosa] nasceu em Guimarães este erudito dominicano a 15 de Agosto de 1707. Tendo 16 anos, aos 8 de Setembro de 1723 professou no convento de S. Domingos e, assíduo no estudo e dotado de perspicaz inteligência, foi desde logo indigitado pelos superiores para cursar estudos superiores na Universidade.

Doutorou-se a 31 de Julho de 1739, depois de haver dado provas as mais brilhantes do seu talento e da sua aplicação. Qualificador do Santo Ofício, cargo para que eram escolhidos os mais eruditos, Reitor do Colégio de S. Tomás de Coimbra, deixou inequívocas provas da sua sabedoria e da sua vigorosa dialéctica e cerrada argumentação.

Publicou as seguintes obras “Teatro do mundo visível filosófico, matemático, geográfico, polémico, histórico, político e crítico, ou Colóquios vários, em os quais se representa a formosura do universo e se impugnam muitos discursos do sapientíssimo Fr. Bento Jerónimo Feijó” – “Discurso apologético em defesa do mesmo teatro do mundo visível” – “Oração fúnebre nas exéquias do Exm.º e Ver.º Snr. Nuno da Cunha de Ataíde, P. Cardeal da S.E.R. e Inquisidor Geral destes reinos, celebradas pelo realíssimo Tribunal da Santa Inquisição de Coimbra” – “O sábio de Aquino Santo Tomás”, etc. de Colecção de seis discursos em honra deste sábio doutor.

A “Biblioteca Lusitana” só mencionava quatro discursos, mas o nosso patrício Pereira Caldas, na sua escolhida livraria, conserva seis.

Deixou manuscrito o 2.° tomo do “Teatro do mundo visível” e mais quatro volumes em latim acerca da teologia escolástica.

O ilustre bibliófilo Inocêncio F. da Silva não quis mencionar o nosso patrício no seu Dicionário, viu-se porém obrigado a dar uma rápida noticia no Suplemento, em virtude dum folhetim publicado no “Diário de Notícias” devido à pena do insigne romancista e profundo investigador Camilo C. Branco.

Seja o citado “Teatro” um armazém do despropósitos, como diz o Snr. Inocêncio, o que é certo e incontestável é que a “Biblioteca Lusitana” (cujo autor, na opinião do próprio Inocêncio, é um varão ilustre, cuja memória será sempre cara e universalmente respeitada pela trabalhosa e variada erudição que patenteia, adquirindo uma glória imarcescível), afirma que Fr. Bernardino de Santa Rosa é egregiamente instruído nas letras humanas, história eclesiástica e secular e nas disciplinas matemáticas.

Um testemunho tão respeitável suficiente para nos gloriarmos do nosso patrício.

[João Gomes de Oliveira Guimarães, in O Espectador, n.º 41, Guimarães, 14 de Agosto de 1884]

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