Vimaranenses: D. Gabriel da Anunciação

Nasceu este nosso compatrício no seio duma família muito distinta como filho Francisco Tarejo e D. Ana Mendes Barrosa.

Dado à vida eclesiástica foi cónego secular de S. João Evangelista, cobrindo a murça do ano de 1600, e desempenhou na honrosíssimos cargos.

Notável pelas suas virtudes e conhecimentos profundos foi escolhido pelo arcebispo de Évora. D, João Coutinho, para seu coadjutor, sendo sagrado 1638 no convento de S. Eloy em Lisboa com o título bispo de Fez, em África.

Partindo logo depois D. João Coutinho para Madrid ficou o nosso ilustre patrício com da arquidiocese, que soube reger com suma vigilância e prudência até á morte do arcebispo, sucedida a 12 de Setembro de 1643.

E, sede vacante foi D. Gabriel nomeado visitador do arcebispado; mas viu-se obrigado neste exercício a recolher ao seu convento de Évora, gravemente enfermo, onde faleceu a 18 de Março de 1644.

Deixou ainda de si honrosa memória como literato distinto e orador de renome, deixando impresso um "Sermão pregado na nova igreja de Enxobregas, no dia da Degolação do Baptista, que foi o último das três solenizações da nova trasladação do Santíssimo Sacramento, da igreja velha para a nova capela", Lisboa, 1625. É raro e muito estimado. Ficou dele também um outro sermão, proferido nas exéquias de D. Miguel de Castro, clérigo secular, doutor em teologia, bispo de Viseu, arcebispo de Lisboa e vice-rei de Portugal no tempo da dominação castelhana.

Convém dizer-se ainda que o nosso memorável conterrâneo fora também na sua vida gloriosa conventual em Vilar de Frades, e reitor do convento lóio em Lamego, edificado em 1596.

[João Gomes de Oliveira Guimarães, in O Espectador, n.º 20, Guimarães, 13 de Março de 1884]

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