Em 1885 e 1886, publicava-se no Porto a Maria Rita, um periódico humorístico e literário, sob direcção artística de J. M. Pinto e direcção literária de Sá de Albergaria e António Cruz. Durante a crise resultante dos incidentes de 28 de Novembro de 1885, dedicou quatro páginas centrais ao conflito brácaro-vimaranense, com ilustrações da autoria do seu director artístico, que já aqui demos a conhecer. Acrescentaremos agora algumas informações que permitam contextualizar um pouco melhor cada uma dessas ilustrações.
"Braga, a Fiel, na pessoa dos snr. Valada, agrediu Guimarães, o glorioso Berço da Monarquia, na pessoa do snr. de Margaride. A batalha travou-se renhida e violenta, e as duas cidades batem-se furiosas. Braga armada dos pés à cabeça, ergue os seus tamancos; Guimarães armada até aos dentes... dos seus garfos, resiste corajosa ao ataque, esperando que o snr. Valada volte costas! E o Porto, de braços cruzados, jura aos seus deuses que não entra na questão, porque lá diz o ditado: "Entre pais e irmãos, não metas as mãos". Quer dizer, o Porto tem os olhos na Travessa... da Espera."
[in Maria Rita, n.º 22, 2.º ano, Porto, 10 de Dezembro de 1885]
À esquerda, montado no cão Fiel (simbolizando o epíteto atribuído à cidade de Braga) e empunhando uma frigideira (alusão ao conhecido pastel folhado bracarense) o Marquês de Valada, Governador Civil do Distrito, dirige as forças bracarenses, que arremessam tamancos. No lado oposto, em cima de um berço (o Berço da Monarquia) o Conde de Margaride, vestido de guerreiro medieval, encabeça a revolta dos vimaranenses, armados de garfos e facas, em alusão às cutelarias, manufactura tradicional de Guimarães. Ao fundo, a estátua que simboliza o Porto acompanha o desenrolar dos acontecimentos, numa referência à intenção de Guimarães passar a integrar o distrito do Porto.
À esquerda, montado no cão Fiel (simbolizando o epíteto atribuído à cidade de Braga) e empunhando uma frigideira (alusão ao conhecido pastel folhado bracarense) o Marquês de Valada, Governador Civil do Distrito, dirige as forças bracarenses, que arremessam tamancos. No lado oposto, em cima de um berço (o Berço da Monarquia) o Conde de Margaride, vestido de guerreiro medieval, encabeça a revolta dos vimaranenses, armados de garfos e facas, em alusão às cutelarias, manufactura tradicional de Guimarães. Ao fundo, a estátua que simboliza o Porto acompanha o desenrolar dos acontecimentos, numa referência à intenção de Guimarães passar a integrar o distrito do Porto.
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Braga e Guimarães
"O Marquês andou numa dobadoira para arranjar a meada, que mestre Fontes fiou e que Peito de Carvalho vai agora desemaranhar, sabe Deus à custa de que arranjos! Uma pândega! e no meio de tudo isto, Braga com seus padres, e Guimarães com seus garfos, lá estão a ver onde param as modas. Para quem será a maçaroca?"
[in Maria Rita, n.º 29, 2.º ano, Porto, 23 de Janeiro de 1886]
Nesta gravura aparecem o Marquês de Valada, à esquerda, e o chefe do Governo, Fontes Pereira de Melo, dobando o sarilho dos arranjos políticos. A rodar em cima da dobadoira, o Governador Civil de Braga, Peito de Carvalho, que substituiu o Marquês de Valada para resolver os problemas que este ajudou a criar. Guimarães (o do garfo) e Braga (o padre) permanecem na expectativa.
"Em vista da sessão parlamentar de sábado último toda a gente ficou convencida de que há mais discórdia no parlamento a propósito da rivalidade entre Braga e Guimarães do que nas próprias cidades que estão prontas a zurzir o marmeleiro.
Neste empenho de impingir o peixe, Braga e Guimarães, que não são nenhum peixe podre, estão em vésperas de proporcionar ao governo uma pitada tão agradável como as fábricas de sebo que por aí existem espalhadas pela cidade.
Tinha graça se a pancadaria rebentava primeiro no parlamento!"
Nesta gravura aparecem o Marquês de Valada, à esquerda, e o chefe do Governo, Fontes Pereira de Melo, dobando o sarilho dos arranjos políticos. A rodar em cima da dobadoira, o Governador Civil de Braga, Peito de Carvalho, que substituiu o Marquês de Valada para resolver os problemas que este ajudou a criar. Guimarães (o do garfo) e Braga (o padre) permanecem na expectativa.
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O Mercado do Peixe em S. Bento
"Em vista da sessão parlamentar de sábado último toda a gente ficou convencida de que há mais discórdia no parlamento a propósito da rivalidade entre Braga e Guimarães do que nas próprias cidades que estão prontas a zurzir o marmeleiro.
Neste empenho de impingir o peixe, Braga e Guimarães, que não são nenhum peixe podre, estão em vésperas de proporcionar ao governo uma pitada tão agradável como as fábricas de sebo que por aí existem espalhadas pela cidade.
Tinha graça se a pancadaria rebentava primeiro no parlamento!"
[in Maria Rita, n.º 29, 2.º ano, Porto, 28 de Janeiro de 1886]
Aqui, o humorista ironiza com a discussão parlamentar então em curso, que equipara a uma peixeirada, a propósito do conflito entre Guimarães e Braga.
Aqui, o humorista ironiza com a discussão parlamentar então em curso, que equipara a uma peixeirada, a propósito do conflito entre Guimarães e Braga.
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Carrossel governamental
"No S. Miguel da Regeneração, os patuscos que montavam o carrossel governamental desequilibraram-se e caíram, entre a algazarra e o alarido popular. Vai substituí-lo o partido progressista. Fazemos votos por que não se desequilibre também."[in Maria Rita, n.º 33, 2.º ano, Porto, 25 de Fevereiro de 1886]
Alusão à dança de cadeiras no poder, que conduziu à substituição do Governo de Fontes Pereira de Melo, pelo de José Luciano de Castro, que teve lugar com a questão brácaro-vimaranense em pano de fundo.
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