À sombra do Toural

Uma das questões que têm sido colocadas, a propósito da proposta de arranjo do Toural, tal como está apresentada, prende-se com a previsível aridez da praça, de onde, com a retirada das árvores, desaparece boa parte dos abrigos à sombra. Esta é, inegavelmente, uma das questões centrais no debate em curso. E a discussão não é nova.

Tempo houve (pelo menos até meados do século XVIII) em que, não havendo ali árvores, a sombra era assegurada pelas alpendradas que circundavam a praça dos lados poente e norte. Em 1911, quando foi desmantelado o jardim fechado com grades que conhecemos das fotografias antigas, foram projectadas duas medidas para melhoramento da praça: a transferência da estátua de D. Afonso Henriques de S. Francisco para o Toural, que se concretizaria logo em seguida, e a construção de uma marquise ao longo da frente pombalina do lado voltado a nascente.

No dia 2 de Maio de 1911, o Comércio de Guimarães noticiou que estava concluído um “esboço-projecto de uma galeria fechada do nascente do Toural, destinado a conservar ao respectivo largo, pela supressão do jardim, a sua feição de ponto central da cidade, e a dar realce à soberba frontaria que o embeleza, oferecendo aos vimaranenses um lugar de estacionamento apropriado e aos estranhos um aformoseamento impressionante, valorizando o local". O projecto que era obra do Capitão Luís Augusto de Pina Guimarães, teve como principal mentor Domingos José Pires, proprietário do Grande Hotel do Toural, e deveria ser custeado pelos proprietários dos prédios.

Esta ideia nunca chegou a ser concretizada. Mas, se calhar, faria sentido retomá-la nesta discussão, introduzindo a possibilidade de se criarem zonas de sombra, de passeio e de convívio que fizessem as vezes dos velhos alpendres.

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