O Toural (1)

"Comunica-se o terreiro de S. Sebastião pelo poente e norte com a Praça do Toural, que é uma das melhores do reino, está junta à muralha que corre entre a Alfândega e S. Domingos, para a qual têm saída a porta da Senhora da Piedade e o postigo de São Paio, e entre uma e outra porta está um passeio junto à muralha por onde se desce por escadas de pedra para a Praça, que tem cento e sessenta passos de comprido, e doze de largo.

Toda esta Praça do Toural é fechada de norte e nascente com o muro da vila. De nascente ao vendaval é aberta e comunica com o terreiro de S. Sebastião. Do vendaval é fechada com casas; e do vendaval a poente é fechada com casas de alpendrada sobre colunas de pedra, e da mesma maneira do poente a norte. Em toda a parte são notórias as grandes festas que os moradores desta vila fazem nesta Praça. Vendo-se toda a parte da muralha para elas armada de custosa tapeçaria, e coberta das senhoras que as querem ver, e todo o patim e escada se vê coberto de gente.

Tem esta Praça entre si e as casas que a cercam da parte do sul, um chafariz de seis bicas, que correm de taças de pedra bem lavradas, e tem no alto uma esfera de bronze dourada, e ao pé dela um escudo com as armas de Portugal, e nas costas deste outro com uma Águia negra coroada de ouro, com um letreiro aos pés que diz: ano de 1588. É este chafariz todo cercado de assentos de pedra para se recrearem os que ali vão.

Da parte entre norte e poente, em competência do chafariz, está um cruzeiro de pedra majestoso, elevado sobre escadas, e na pedra de pedestal da cruz tem um letreiro que diz: - Esta obra mandou fazer o juiz, e irmandade de Nossa Senhora do Rosário em 1650."

(Torcato Peixoto de Azevedo, Memórias Ressuscitadas da Antiga Guimarães, cap. 89, p.21-22)

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