Memória descritiva da fonte-monumento do Toural



FONTE MONUMENTO
Memória descritiva do ante-projecto

O critério por nós seguido levou-nos à adopção de formas simples, ricas de expressão e valor decorativo, de modo a conseguir um simbolismo que a História de Guimarães aconselhava e o nosso respeito por essa História e tradição nos impunha.
Os elementos preponderantes, na sua composição, são:
Obelisco – como padrão comemorativo, sugerindo na sua forma um montante.
Estátua – como nota amável, simbolizando a vitória ou independência.
Estes elementos nascem de uma grande taça elevada, circundada pela forma forte e sóbria dos escudos. A este conjunto pretendeu dar-se um equilíbrio de composição tal, que exprima a riqueza de verdadeiro «Ex-libris» da cidade, o que julgámos ter conseguido. A água e o granito, como elementos primários, dão-nos a origem; os escudos, a evolução. Na face posterior do obelisco serão aplicadas as Armas da Cidade, em bronze, com a seguinte legenda: «Mil anos gloriosos se passaram».
Todos estes elementos ficam desligados do terreno por um espelho de água cujo nível lhe é levemente superior e com um diâmetro aproximado de 7 metros. Tem como defesa, uma colorida faixa de verdura perfazendo 10,40m, medida essa existente actualmente no canteiro central onde será implantada a Fonte. A sua altura perfaz aproximadamente, na sua totalidade, 7 metros, sendo esta aconselhada pelo corte transversal da Praça e pelo seu volume. Por se tratar de uma Praça aberta, pareceu-nos que isso nos impunha uma assimetria, e assim, descentrámos o Obelisco e colocámos à sua frente a figura decorativa, orientando este conjunto nesse sentido.
Os materiais naturalmente indicados na sua realização, são: o granito da região e o bronze na parte escultórica.
Na composição onde a sobriedade domina, teve-se em vista conseguir, não uma simples fonte decorativa, decerto aprazível em qualquer «Clima», mas sim, uma Fonte que simbolizasse Guimarães e para implantar num local que para os Vimaranenses é, em nosso entender, ponto de recepção e passeio. Assim, ela virá ajudar a determinar com clareza o carácter que essa Praça poderá vir a ter como Rossio da Cidade, quando forem considerados os problemas de estacionamento de táxis, arborização, etc.
Na construção da fonte utilizar-se-á as duas cores do granito da região, numa valorização de formas arquitectónicas, prevendo-se o granito de grão azul na construção das taças e obelisco e para os escudos, o granito de tom ocre. Assim teremos uma aplicação coerente com a densidade de tons.
Na primeira taça, ao nível do solo, será aplicado azulejo, permitindo à água maior transparência.
A figura deverá, na sua interpretação, concretizar totalmente o espírito que o autor do projecto lhe determinou dentro do conjunto por ele concebido.
Os jogos de água previstos para complemento decorativo serão compostos por jactos verticais na face posterior do obelisco, formando cortina, e, a ladear a figura, pequenos mas abundantes jactos formando cachoeira.
Jactos horizontais saindo da taça superior por bocais apropriados de latão, ao nível inferior dos escudos e nos seus intervalos, ligarão esta à inferior que fica ao nível do solo.
Além disto, a água esbordante da primeira taça tomará o caminho dos intervalos deixados pelos escudos no seu nível superior, humedecendo todo o seu fundo, pondo-os assim em destaque.
Todas as águas, quer as recebidas por escoamento, quer as brotantes dos jactos serão na taça inferior recolhidas totalmente e daí conduzidas para um depósito subterrâneo com a capacidade de 12m3.
Quanto à iluminação teremos: na primeira taça 8 focos luminosos e coloridos, permitindo à água não só efeitos de cor mas também maior transparência; na taça superior 3 projectores iluminarão os jactos verticais colocados na face posterior do obelisco e mais 4 incidem nas outras duas faces laterais do referido obelisco, de tal forma que, permita à figura recortar-se claramente sobre este elemento iluminado.
Acresce ainda que as características da fonte estão também de harmonia com a alegoria do mosaico aplicado no actual pavimento. Este mosaico com carácter nitidamente português é sempre belo, sendo absolutamente lógico o seu aproveitamento. E por isso o disco sobre o qual assenta o obelisco levará gravado como inscrição as datas das batalhas que se acham assinaladas nos passeios laterais da Praça. Assim, teremos ainda uma maior ligação com o ambiente envolvente.
Dado o simbolismo da fonte, parece-nos que a sua inauguração se integraria perfeitamente no programa das Festas Milenária e Centenária a celebrar em Junho pela Cidade, como Padrão Comemorativo.
Ficamos cientes de que esta descrição, assim como os elementos que a acompanham, são suficientes para elucidar a Ex.ma Câmara e o público.

O Arquitecto,
J. Sequeira Braga.

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