Confesso-me um dos portugueses perplexos com as eleições do próximo
domingo. Ainda não percebi porque é que, numa situação como a que vivemos, em
que já se sabe que o vírus que nos torpedeou os dias tem comportamento sazonal
e ataca com mais força no Inverno, se dissolve a Assembleia da República por
não ter sido aprovado um orçamento. Quando, ainda por cima, o mais certo seria resultar
das eleições um quadro não muito diferente daquele que existia antes da sua
convocação. Não me parece que os responsáveis pela situação, o Governo, quem o
fez cair ou Presidente da República, que forçou as eleições, estivessem a pensar
no país e nos portugueses quando nos conduziram a isto. Não percebo. E, como não
gosto de não perceber, vi-me, pela primeira vez desde que tenho idade suficiente
para votar, na situação de não saber a quem confiar o meu voto, estando
inclinado a votar em branco: ninguém merecia o meu voto.
Mas mudei de ideias, quando olhei para as listas de
candidatos e me deparei com o José Manuel Torcato Ribeiro em posição de poder ser eleito deputado.
Conheço o Torcato há mais de 40 anos. É meu amigo, mas não é por ser meu amigo que o admiro. Sei o que vale e sei do seu amor pela sua terra, pela nossa terra. É um vimaranense a quem Guimarães muito deve. Ergueu a sua voz em causas da defesa do nosso património em que, por vezes, o deixámos a falar sozinho. Recordo a sua luta em defesa da recuperação do Teatro Jordão. Não teve sucesso. A magnífica sala do velho teatro foi abaixo e o que nasceu em seu lugar, por muito grandioso e funcional que possa ser, não a vai substituir. Mesmo assim, ao Torcato devemos o salvamento do que foi possível recuperar da memória do Jordão e que agora está à guarda da Sociedade Martins Sarmento. À iniciativa do Torcato devemos também a salvaguarda de um importante acervo documental sobre as Festas Gualterianas. Ao cuidado e à persistência da intervenção do Torcato, Guimarães deve a passagem da Torre da Alfândega para património público, impedindo a consumação de um erro monumental nascido da desatenção
Poucos o negarão: nestes últimos anos, o Torcato tem sido uma voz que
faz falta na vereação municipal.
Se for eleito, o Torcato vai ser um de nós na Assembleia da
República.
Está resolvido o meu problema para domingo. Não vou votar
num partido. Vou votar no Torcato.
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Um bem haja, por esta e por todas as publicações que faz e com as quais aprendo tanto.