A romaria de S. Torcato de 1913

Chegada dos romeiros a S. Torcato.

Em 1913, a romaria de S. Torcato aconteceu no dia 13 de Julho. Rezam as crónicas que o dia esteve fresco e convidativo para uma jornada de passeio. Os romeiros foram aos milhares. Muitos deles vinham de longe e eram descarregados, em levas sucessivas, na estação de caminho-de-ferro de Guimarães de onde seguiam, quase sempre a pé, até S. Torcato. Os amigos do alheio também marcaram presença em grande número, dizia-se, mas parece que não terão tido um dia muito proveitoso. A procissão, os coros e o fogo de artifício agradaram. O rendimento das esmolas superou o do ano anterior, cifrando-se em 3:875$860 réis, mais uma quantidade significativa de libras e ouro e a cera.
A revista Ilustração Católica publicou uma reportagem fotográfica dedicada à romaria de S. Torcato, que distribuiu pelas suas edições de 19 e 23 daquele mês. As fotografias são do vimaranense Luís do Souto, de quem voltaremos a falar um dia destes.
 [Com a colaboração de Nuno Saavedra]
A festa de S. Torcato em Guimarães
É esta romaria uma das que mais concorridas são no Minho. De todos os pontos da região chegaram ininterruptamente carros dos concelhos circunvizinhos mantendo assim a animação sempre crescente que timbra as festas do S. Torcato.
Um aspecto das ornamentações junto do templo.
A gravura que inserimos é suficientemente clara para mostrar os requintes de gosto tipicamente regional que por todo o arraial se alardeavam.
O arraial.
É fácil formar uma ideia do bulício e animação que se mantém em tais arraiais; o movimento dos festeiros, os reflexos multicolores dos lumes, os ruídos de toda a espécie, e por vezes os toques das músicas, tudo isso forma em circunstâncias como esta um conjunto admirável de harmonias e de Cores, uma manifestação de um povo sempre alegre.
Um dos carros alegóricos da procissão.
Nas festas de S. Torcato um dos números mais brilhantes, é sem dúvida a procissão; reverte sempre um fulgor memorável o conjunto de figuras e clero, de fiéis e de músicas, cruzes e bandeiras que percorre o estádio costumado, a vasta esplanada que se abre defronte do templo.
Os carros alegóricos, sobretudo chamam a atenção dos poucos que vão presenciar um espectáculo tão formoso.
Outro carro alegórico na procissão.
Reproduzimos ainda outro aspecto da procissão, e a gravura mostra suficientemente a concorrência e brilho do piedoso acto. É que a Religião é ainda o grande motor da alma popular, e nada comove mais eficazmente o homem de que o sentimento religioso.
Outro trecho da procissão.
Ilustração Católica, n.º 3, 19 de Julho de 1913, pp. 47-48

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Continua hoje a “Ilustração” publicando fotogravuras das festas de S. Torcato em Guimarães. Assim, se vê na primeira gravura um aspecto do arraial, cheio de vivacidade peculiar às festas do nosso Minho.
Um aspecto do arraial.
As seguintes gravuras mostram os romeiros a caminho da Fonte de S. Torcato, e o local da mesma que se encontra indicado por u:na cruz onde os romeiros se deliciam bebendo água. Desta maneira, ficarão os leitores conhecendo uma das mais consagradas festas religiosas deste Portugal, onde uma intensa fé católica perdura através dos séculos e das vicissitudes nacionais, cheia de fervor, e marcada de regionalismo.

Os romeiros a caminho da fonte de S. Torcato

Os romeiros bebendo água na Fonte do Santo
Ilustração Católica, n.º 4, 25 de Julho de 1913, p. 60
(Clichés do amador fotog. L. Souto.)


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