Memórias Paroquiais de 1758: Conde



Segundo se lê na Corografia do padre António Carvalho da Costa, o nome de S. Martinho do Conde virá de ter sido “fábrica do Conde D. Henrique, que ali ia recrear-se”. Com Moreira de Cónegos, faz parte da doação que Gonçalo Mendes fez ao mosteiro de Guimarães no ano de 983. O seu cura era apresentado pelo Cabido da Colegiada.

Conde
Na Província de Entre-Douro-e-Minho se acha esta freguesia, e está entre dois montes, um da parte do Nascente, chamado a Cerca, outro da parte do Norte, chamado da Senhora do Monte, por estar no cume dele uma capela de Nossa Senhora pertencente a outra freguesia, chamada Santa Cristina de Serzedelo.
É esta freguesia do termo da vila de Guimarães e Arcebispado de Braga Primaz, tem trinta e quatro fogos e nestes se compreendem os lugares seguintes: o lugar de Tresmonde, o de Vila Meã, o do Avenal, este consta de dois vizinhos, da Carreira de Baixo, este também tem dois vizinhos, o das Casolas, também de dois vizinhos, o da Carreira de Cima, o da Costa, o de Torneiros, o da Presa, o da Boavista, o do Outeirinho, o de Bertelo, o das Bouças, de dois vizinhos, o do Bairro, o do Arco, o do Outeiro, o de Filipe, o da Torre, o de Donegas, o da Venda, de cinco vizinhos, o de Bafo de Boi, dos Moinhos, o do Assento, de dois vizinhos, o da Residência. Pessoas de sacramento, cento e onze, menores, dezoito.
Está a igreja no fim da freguesia. É o seu orago São Martinho, que se venera no altar-mor. Tem mais dois altares colaterais. No da parte do Norte se venera Nossa Senhora, no do Sul São Sebastião. Não tem irmandade alguma.
É esta igreja curato anual, cuja apresentação pertence ao Cabido da vila de Guimarães. Renderá, um ano por outro, duzentos mil réis.
Nos limites desta freguesia há três capelas, duas são de António Manuel Vaz Vieira, uma sita na Quinta de Tresmonde, de Nossa Senhora, e, junto dela, um palácio, cujo morgado instituiu o Doutor Jerónimo Vaz Vieira, desembargador do Paço que foi, outra na estrada que vai de Guimarães para o Porto, de Santa Luzia, onde concorre muito povo no seu dia e faz milagre, outra na Quinta de Filipe de São Francisco, que é do padre Manuel Ferreira de Sousa.
Esta freguesia é abundante de vinho, milhão, centeio e feijão.
É esta freguesia sujeita às justiças da vila de Guimarães onde há provedor, corregedor e juiz de fora, almotacés. Serve-se do correio da dita vila, distante desta freguesia uma légua, o qual parte na sexta-feira da mesma vila para a cidade do Porto, distante desta oito léguas, e se recolhe no domingo.
Esta freguesia está distante da cidade de Braga, cidade capital, quatro léguas, e, da de Lisboa, sessenta, capital do Reino.
Não padeceu ruína esta freguesia no terramoto do ano de 1755.
Não tenho mais de que avise desta ténue freguesia, nesta por mim assinada e por dois párocos vizinhos.
São Martinho do Conde, 22 de Maio de 1758 anos.
Domingos de Sá Cunha,
vigário de São Paio de Moreira dos Cónegos, Manuel Marques de Andrade.
Domingos Antunes, vigário de Santa Eulália de Nespereira.

Conde”, Dicionário Geográfico de Portugal (Memórias Paroquiais), Arquivo Nacional-Torre do Tombo, Vol. 11, n.º 368, p. 2521 a 2522.
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