Segundo
se lê na Corografia
do padre António Carvalho da Costa, o nome de S. Martinho do Conde
virá de ter sido
“fábrica do Conde D. Henrique, que ali ia recrear-se”. Com
Moreira de Cónegos, faz parte da doação que Gonçalo Mendes fez ao
mosteiro de Guimarães no ano de 983. O seu cura era apresentado pelo
Cabido da Colegiada.
Conde
Na
Província de Entre-Douro-e-Minho se acha esta freguesia, e está
entre dois montes, um da parte do Nascente, chamado a Cerca, outro da
parte do Norte, chamado da Senhora do Monte, por estar no cume dele
uma capela de Nossa Senhora pertencente a outra freguesia, chamada
Santa Cristina de Serzedelo.
É esta
freguesia do termo da vila de Guimarães e Arcebispado de Braga
Primaz, tem trinta e quatro fogos e nestes se compreendem os lugares
seguintes: o lugar de Tresmonde, o de Vila Meã, o do Avenal, este
consta de dois vizinhos, da Carreira de Baixo, este também tem dois
vizinhos, o das Casolas, também de dois vizinhos, o da Carreira de
Cima, o da Costa, o de Torneiros, o da Presa, o da Boavista, o do
Outeirinho, o de Bertelo, o das Bouças, de dois vizinhos, o do
Bairro, o do Arco, o do Outeiro, o de Filipe, o da Torre, o de
Donegas, o da Venda, de cinco vizinhos, o de Bafo de Boi, dos
Moinhos, o do Assento, de dois vizinhos, o da Residência. Pessoas de
sacramento, cento e onze, menores, dezoito.
Está a
igreja no fim da freguesia. É o seu orago São Martinho, que se
venera no altar-mor. Tem mais dois altares colaterais. No da parte do
Norte se venera Nossa Senhora, no do Sul São Sebastião. Não tem
irmandade alguma.
É esta
igreja curato anual, cuja apresentação pertence ao Cabido da vila
de Guimarães. Renderá, um ano por outro, duzentos mil réis.
Nos
limites desta freguesia há três capelas, duas são de António
Manuel Vaz Vieira, uma sita na Quinta de Tresmonde, de Nossa Senhora,
e, junto dela, um palácio, cujo morgado instituiu o Doutor Jerónimo
Vaz Vieira, desembargador do Paço que foi, outra na estrada que vai
de Guimarães para o Porto, de Santa Luzia, onde concorre muito povo
no seu dia e faz milagre, outra na Quinta de Filipe de São
Francisco, que é do padre Manuel Ferreira de Sousa.
Esta
freguesia é abundante de vinho, milhão, centeio e feijão.
É esta
freguesia sujeita às justiças da vila de Guimarães onde há
provedor, corregedor e juiz de fora, almotacés. Serve-se do correio
da dita vila, distante desta freguesia uma légua, o qual parte na
sexta-feira da mesma vila para a cidade do Porto, distante desta oito
léguas, e se recolhe no domingo.
Esta
freguesia está distante da cidade de Braga, cidade capital, quatro
léguas, e, da de Lisboa, sessenta, capital do Reino.
Não
padeceu ruína esta freguesia no terramoto do ano de 1755.
Não
tenho mais de que avise desta ténue freguesia, nesta por mim
assinada e por dois párocos vizinhos.
São
Martinho do Conde, 22 de Maio de 1758 anos.
Domingos
de Sá Cunha,
vigário
de São Paio de Moreira dos Cónegos, Manuel Marques de Andrade.
Domingos
Antunes, vigário de Santa Eulália de Nespereira.
“Conde”,
Dicionário Geográfico de Portugal
(Memórias Paroquiais), Arquivo Nacional-Torre do Tombo,
Vol. 11, n.º 368,
p. 2521 a 2522.
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