Lendo o Guimarães Digital, já encontrei resposta para duas das perguntas que aqui coloquei, a propósito do parque de estacionamento da Caldeiroa:
1. O parecer do ICOMOS-Portugal sobre o parque de estacionamento da Caldeiroa-Camões
deu entrada na Câmara Municipal de Guimarães em Setembro, antes da campanha das eleições
autárquicas, em que este projecto foi muito debatido. Regista-se que a
informação sobre o parecer foi subtraída ao conhecimento dos cidadãos
eleitores interessados em formar as suas opiniões e fazer escolhas. E pergunta-se: também o seria se o parecer, em vez de negativo,
fosse positivo?
2. Uma das pessoas com quem a Presidente do ICOMOS-Portugal reuniu no
âmbito da preparação do parecer sobre o parque de estacionamento foi a responsável
pelo Gabinete de Couros, a arquitecta Alexandra Gesta. Sendo a avaliação exclusivamente técnica, e não de natureza política, é compreensível que tenha reunido com a responsável técnica pela
área onde o parque seria implantado, não se percebendo qual a pertinência de reunir
com o presidente da Câmara.
Como não é tudo dito com clareza e é necessário fazer a decifração do
que é dito e do que está implícito no que fica por dizer, há dúvidas que persistem
e que se adensam. Uma delas é a de saber quantos pareceres existem, afinal. E, já agora, se o pedido de acompanhamento que foi dirigido pela Câmara ao ICOMOS, em Março de 2017, se refere à candidatura do arrabalde de Couros ao reconhecimento pela UNESCO, no seu
todo, ou especificamente à obra do parque de estacionamento, como foi afirmado, publicado e nunca desmentido na sessão informativa realizada na Sociedade Martins Sarmento
em 22 de Maio.
A responsável pelo Gabinete de Couros afirma que foi recebido, do ICOMOS-Portugal, “um parecer
absolutamente irrepreensível” e que, depois, chegou “outro documento” (este, já
se sabe, é de Setembro; do outro, ainda se desconhece a data, informação que não será irrelevante). Assim sendo, parece certo que existem
dois pareceres emitidos pelo ICOMOS-Portugal. Aparentemente, o
primeiro pronuncia-se sobre a intenção de candidatura ao alargamento da
classificação da UNESCO à área de Couros e, o segundo, sobre o projecto do
parque de estacionamento. Será assim?
Tudo isto é um emaranhado difícil de desenlaçar, por ausência de clareza
na informação que é veiculada. Suspeito que, entre nós, a transparência já teve
dias melhores. Permitam-me que pergunte: quando é que os nossos responsáveis políticos vão perceber que a
não divulgação de informações relevantes para o esclarecimento da opinião
pública apenas abre caminho a especulação, suspeições e a teorias da conspiração
que não trazem qualquer benefício?
E, como de costume, já não faltará por aí quem pergunte:
— Afinal, têm medo de quê?
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