Ruas antigas: a Ramada e a Carrapatosa.

Rua da Ramada

O padre Torcato Peixoto de Azevedo descreve-a como uma rua que começa junto à ponte do Campo da Feira, com as traseiras das suas casas a darem para o regato que por lá passa e que, um pouco mais à frente, se chamará Rio de Couros. Na Idade Média era, mais do que uma rua, um arrabalde de Guimarães ou, mais correntemente, um lugar. No lugar da Ramada era, como o mostrou Conceição Falcão Ferreira, prevalecia a paisagem agrária, com casas, almuinhas (hortas ou pequenas quintas), vinhas e lagares. O seu nome indicia uma particular propensão vinícola, que se estenderia sul da antiga vila de Guimarães, desde o local onde actualmente está implantada a igreja dos Santos Passos, no Campo da Feira, e a Caldeiroa, abrangendo o espaço ocupado pelo lugar da Carrapatosa, que se confunde com a Ramada.

À esquerda, para quem desce do Campo da Feira há, na rua da Ramada, uma fonte com duas bicas. É a Fonte das Oliveiras, cuja água era muito apreciada. Segundo o Padre António Caldas, esta fonte era “humilde, mas abundante”. Era abastecida por uma mina situada junto às escadas da casa de Vila Pouca. As escadas com grades, que descem da Avenida Velha e terminam na rua da Ramada, junto à fonte, foram construídas no início da década de 1890.

A rua da Ramada também foi território da indústria de curtimenta. Nos anos trinta do século passado, instalou-se ali a fábrica de António Martins Ribeiro da Silva, a Fábrica da Ramada, ocupando parte da antiga rua de Soalhães. Esta unidade fabril acompanhava os novos avanços tecnológicos, substituindo a curtimenta com tanantes vegetais (casca de carvalho ou de sobreiro moída), passando a empregar sais de crómio e a substituir os antigos pelames, lagares e lagaretas por fulões, com tambores de movimentos circulares que permitiam acelerar o processo de curtimenta. A Fábrica da Ramada manteve-se em funcionamento até ao ano de 2005, sempre nas mãos da mesma família, os Painços. Foi a última resistente do antigo bairro dos couros de Guimarães. No edifício onde funcionou, está instalado o Instituto de Design de Guimarães.

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